Grão produzido na região de Pedra Azul é o melhor e o mais caro café arábica do mundo
O melhor café arábica e também o mais caro do mundo é capixaba. A saca de 60 kg do fruto natural produzido em Pedra Azul, Região das Montanhas de Domingos Martins, bateu o recorde mundial e foi vendida por R$ 39,2 mil para quatro empresas japonesas.
O café feito na Fazenda Camocim foi o vencedor da categoria “Naturals”, quando o fruto é seco com a casca, da Cup of Excellence 2017, uma espécie de Copa do Mundo dos cafés. O evento foi realizado em Venda Nova do Imigrante.
Para se ter uma ideia da valorização do grão capixaba, enquanto uma saca de 60 kg do produto dessa categoria foi vendido por cerca de US$ 11,9 mil, uma tonelada (mil quilos) do grão tradicional arábica exportado no Estado varia, em média, entre US$ 2,4 mil e US$ 2,6 mil, segundo o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV).
O motivo do preço elevado, segundo o produtor Henrique Leivas Sloper de Araújo, 56 anos, foi o fato de o café ter recebido a nota mais alta do ano no Brasil (93,6 pontos), qualificando-o como “café presidencial”. “Com essa pontuação, o nosso café arábica também foi o mais bem pontuando do planeta neste ano”, comemorou.
A competição que elegeu o melhor café aconteceu no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Venda Nova na última semana. Já o leilão dos vencedores foi realizado na quinta-feira, 7. O evento foi realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Alliance for Coffee Excellence (ACE).
Segundo a BSCA, foram inscritos 437 lotes de cafés na categoria “Naturals”, vindos de todo o país. Desse total, apenas 133 foram classificadas para a etapa nacional e delas saíram 40 para a fase internacional, onde as 32 vencedoras foram selecionadas para o leilão.
Para o leilão, os grãos foram divididos em dois lotes com três sacas. Com o dólar a R$ 3,28, conforme cotação do dia 7, o 1º lote foi arrematado por R$ 39.213,40 (US$ 11.931,66) por saca. Os compradores foram as japonesas Maruyama Coffee, TOA Coffee e Sarutahiko Coffee. Já o 2º foi arrematado pela Nippon Coffee Trading, que pagou R$ 34.909,48 (US$ 10.622,08) por saca.
MAIS CAFÉ
O produtor do café mais caro do mundo já era conhecido por um outro café famoso, o do “Jacu”. Uma bebida exótica e que também figura entre os cafés mais caros e conceituados do mundo. O jacu é um pássaro nativo da Mata Atlântica que come os frutos diretamente do pé, selecionando os melhores. O café passa pelo processo de digestão do animal e das fezes se tiram os grãos para a produção da bebida.
PRODUÇÃO EM MEIO À FLORESTA
O segredo para a produção do melhor café arábica do mundo está na forma de cultivo sustentável, segundo o produtor Henrique Leivas Sloper de Araújo, 56 anos, que deve servir de exemplo para outros agricultores. “Mais do que o dinheiro envolvido na venda do grão, quero mostrar que é possível ter um café de excelência e com impacto zero na sua produção”, declarou.
Segundo Araújo, o café é orgânico e biodinâmico, pois usa uma técnica que mescla conhecimentos químicos, geológicos e astronômicos. “A plantação que deu origem ao café vencedor está consorciada com árvores, o que traz mais alimento para o solo. Uma árvore chamada Liquidambar contribuiu principalmente para isso. Além dela não competir com o café para buscar água no solo, oferece sombra e tem folhas que se transformam em uma fonte muito rica de matéria orgânica”, explicou.
Ainda segundo o produtor, uma das coisas mais difíceis da agricultura é produzir o café especial. “Faço café há quase 17 anos. Por ano, produzo em 70 hectares de plantação 3 mil sacas do produto e exporto para 27 países. Neste ano, apenas seis sacas da colheita fizeram parte das premiadas”, contou.