Estado já teve 1.296 mortes, 220 a mais do que no ano passado
Após sete anos de quedas sucessivas, o número de homicídios no Estado volta a crescer. Até o último dia 30, um mês antes de terminar o ano, já tinham sido registrados 1.296 assassinatos, o que equivale a pelo menos três pessoas mortas por dia. No ano passado, até o mesmo período, foram 1.076 casos. Ou seja: em 2017, 220 pessoas a mais perderam suas vidas.
O cenário foi influenciado pela greve dos policiais militares, de 4 a 22 de fevereiro deste ano, quando 219 pessoas morreram. Um mês que fechou com 228 mortes. Foi o período com o maior número de assassinatos, cujos reflexos se fizeram sentir nos meses seguintes.
São as próprias estatísticas que revelam o quanto a retomada dos trabalhos da PM e a repressão à criminalidade têm sido difíceis. Algo que a população sente no dia a dia nas ruas. Ao se comparar os nove meses que se seguiram à greve, com os mesmos meses de 2016, o que se verifica é que em sete deles houve um número maior de homicídios. O contrário só aconteceu em maio e em setembro.
O próprio secretário de Estado da Segurança Pública reconhece que a relação com a Polícia Militar precisa evoluir. “Precisamos de uma tropa motivada e estamos trabalhando para isso”, disse André Garcia, acrescentando que aposta ainda na experiência acumulada nos últimos sete anos de quedas sucessivas para retomar a redução dos assassinatos.
DRAMA
Uma violência que atinge em cheio dezenas de famílias, como a de Elizena Martha e Tarcísio Cera, que teve seus únicos filhos assassinados de forma brutal em julho. Lucas e Luérick de Martha Cera, de 22 e 18 anos, foram amarrados e enforcados na residência onde moravam com o pai.
Os irmãos trabalhavam com compra e venda de veículos e foram vítimas de um golpe do comerciante Renato Bragunci, que confessou o crime. Ele está preso, mas a primeira audiência só deve acontecer no próximo ano.
Enquanto isso, a família tenta se recuperar de uma perda sem descrição. Na ocasião do enterro, Elizena relatou que o que vivia era uma crueldade. “Perder um filho é difícil, mas dois…”, desabafou. Para o pai, é difícil sobreviver a este tipo de tragédia. “Não dá nem para falar da saudade que sinto. Não tem justiça para isso”, desabafou.
A cidade onde ocorreu os crimes, Ibiraçu, é uma das que registraram aumento neste tipo de criminalidade. Em 2016, ocorreram três assassinatos. Este ano já foram cinco.
Ela está localizada na Região Norte do Estado, que concentrou o segundo maior volume de casos: 434 homicídios. Em alguns municípios a situação chega a ser alarmante. Em Linhares, por exemplo, houve um crescimento de 111% no número de assassinatos. Foram 78 este ano contra 37 do mesmo período em 2016.
Outra situação crítica é a Fundão, com crescimento de 67% neste tipo de crime. Foram 15 assassinatos este ano, contra 9 de 2016. Também merece destaque Jaguaré, que apresentou 82% de aumento neste tipo de violência, com 31 mortes este ano contra 17 em 2016.
Mas a liderança na violência ficou com a Região Metropolitana, com 740 casos. Puxa o ranking estadual a Serra, com 284 homicídios, 143% a mais do que o ano anterior. Logo a seguir vem Cariacica (169) e Vila Velha (154). O maior crescimento no número de mortes foi registrado na Capital, com 76 casos, contra 49 registrados em 2016.
Já os municípios da Região Sul apresentam, no conjunto, uma queda neste tipo de mortes. Juntos totalizaram 122 casos, contra 127 do ano passado.
Índices de assassinatos devem cair até o fim de 2018, diz secretário
O secretário de Estado da Segurança Pública, André Garcia, disse que o retorno do crescimento do número de homicídios é “um ponto fora da curva”, ao se referir aos número de mortes de fevereiro (228), período da greve dos policiais militares. “O resultado, sem dúvida, foi afetado pela greve, e pagamos o preço, com indicadores acima do esperado”, assinalou.
A expectativa de Garcia é de reverter esse quadro até o final do próximo ano, retomando a série histórica de reduções no ranking dos assassinatos que vinham sendo registrados nos últimos sete anos. “No segundo semestre, já tivemos uma tendência de normalização, e na Região Sul houve melhora com redução do número de homicídios”, destacou.