Professores, funcionários e estudantes da Escola Raul Brasil, em Suzano, foram recebidos com abraços e flores nesta segunda-feira (18), ao voltarem ao local. Parte dos alunos voltou apenas para buscar os materiais que foram deixados para trás na pressa de fugir em meio ao massacre na última quarta-feira (13), que deixou 10 mortos.
Psicólogos participam da acolhida à comunidade escolar. Nesta segunda, alunos puderam entrar no prédio da escola para pegar seus pertences. De acordo com o cronograma divulgado pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, a partir da terça-feira (19), a escola será reaberta para os alunos participarem de atividades de acolhimento. A data de retomada das aulas ainda não está definida.
Maria Eduarda Levino, de 14 anos, é estudante do primeiro ano do ensino médio. Ela ganhou uma flor na escola quando foi pegar a mochila que estava guardada na sala da diretoria.
A coordenadora geral dos programas de cidadania do Estado de São Paulo Eliana Passareli afirma que a intenção é atender todos os professores e funcionários que forem à escola nesta segunda-feira. “Esse acolhimento é feito individualmente e em grupo com conversas, consulta e atendimento psicológico. Isso também será feito nesta terça-feira com os alunos que queiram vir até a escola.”
Eliana destaca que não existe uma obrigatoriedade de presença tanto de funcionários, professores e alunos. “A intenção é um acolhimento e que eles venham para começarem a entender o que aconteceu. Esse programa faz um chamamento, um convite para o tratamento para termos a percepção de quem precisa de um retorno com mais calma. Depois faremos a busca ativa que é ir na casa dos professores, alunos e funcionários e ajudá-los no sentido de tratamento para o retorno ou não.”
A psicóloga Luciane Inocêncio atua na rede estadual e junto com o Centro de Referência e Apoio a Vítima (Cravi) da Secretaria Estadual da Justiça. Ela diz que será feito um trabalho a longo prazo com os alunos, professores e funcionários.
Segundo a psicóloga, alguns alunos já manifestaram a vontade de voltar. Ela disse que os psicólogos da rede estadual estão trabalhando nessa recepção assim como profissionais da USP, do Cravi, da Unicamp e voluntários.
Edmar Pereira Baião trabalha na limpeza da Escola Raul Brasil. No dia do massacre, ela não estava na escola. Mas mesmo assim afirma que a dor é grande. “Eu conhecia os alunos todos. Eu estou sentindo toda a dor dos pais. Dói muito. Eu tiro forças de Deus para voltar, mas é muito difícil.”
Fonte: G1