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Após ‘mutirão’, MP recebe 690 denúncias contra tiktokers que entregaram banana e macaco a crianças

criança recebe banana

O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) recebeu pelo menos 690 denúncias contra as tiktokers que entregaram um macaco de pelúcia e uma banana para duas crianças negras, após a advogada Fayda Belo convocar um “mutirão” nas redes sociais.

O órgão confirmou o número de comunicações relativas ao caso recebidas até o início da tarde desta quarta-feira (31). “A notícia foi distribuída para a 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, para análise do fato e adoção das medidas cabíveis”, diz nota.

A advogada criminalista convocou os seguidores a formalizar as denúncias junto ao MP depois de denunciar o caso nas redes sociais. “E aí, Ministério Público do Rio de Janeiro, eu te pergunto: essas duas vão responder por esse ato covarde ou não? Conta pra gente”, questionou.

Polícia investiga

A Polícia Civil do Rio de Janeiro também instaurou inquérito para apurar a conduta das duas tiktokers, acusadas de racismo.

A corporação confirmou que o procedimento foi instaurado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). “Os vídeos serão analisados e diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos”, diz nota da PCERJ.

Entenda o caso

A advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, usou as redes sociais nessa terça-feira (30) para denunciar por racismo os vídeos divulgados pelas duas tiktokers, que são mãe e filha.

Nos registros, a mãe aparece abordando crianças negras na rua e perguntando se elas preferem ganhar dinheiro ou um presente. No primeiro vídeo, um menino escolhe um presente e, ao abrir o embrulho, se depara com uma banana.

“Só isso?”, questiona a criança. A tiktoker pergunta se ele gostou do presente, e o garoto diz que não.

No outro registro, a mulher aborda uma menina, também negra, e questiona ao segurar um pacote grande: “dois reais ou esse presentão aqui?”. A criança escolhe o presente e recebe um macaco de pelúcia.

Depois de exibir o vídeo, Fayda Belo denuncia o caráter racista da atitude: “Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas desinfluenciadoras tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças inocentes, e ainda postar nas redes sociais, para ridicularizar duas crianças negras?”.

“Para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza, como se fosse piada. Mas não é piada. O nome disso é racismo recreativo. Usar da discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão, de descontração, de recreação, agora é crime”, completa a advogada.

A especialista ressalta que racismo é crime, além de afirmar que a conduta fere o Estatuto da Criança e do Adolescente: o artigo 17 do ECA dispõe sobre a inviolabilidade da integridade do menor, abrangendo a preservação da imagem dele, enquanto o artigo 18 prevê que é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, “pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.

“Não pode sair por aí usando imagem de criança, não”, finaliza a advogada, que ainda convocou os seguidores para o “mutirão” de denúncias ao órgão.

Fonte: BHAZ

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