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Atingidos por lama de Mariana no ES relatam suspeita de câncer, diz deputado

Após quase quatro anos da tragédia na qual a barragem da Samarco se rompeu em Mariana, Minas Gerais, os capixabas atingidos pela lama no Rio Doce enfrentam consequências na saúde, no turismo e na economia.

Entre os dias 3 e 5 deste mês, a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM), presidida pelo deputado Helder Salomão, junto a representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), visitou as cidades afetadas no Espírito Santo, para ouvir os moradores e colocar no papel as recomendações necessárias para que as autoridades atendam a população.

Entre os relatos importantes destacados está à saúde. “Ouvimos muitas queixas. Gente reclamando de coceira e tontura. Há suspeita até mesmo de câncer causado pelo alto grau de metais no corpo”, afirmou o deputado, relatando ainda sobre casos de aborto de animais.

Moradores de Regência contaram também que a lama se mantém acumulada no fundo do mar. “Há quem diga que qualquer um que mergulhe com uma ferida insignificante, como um arranhão, sai de lá com um furúnculo. Os transtornos psicológicos também não ficam de fora do drama enfrentado por essas pessoas”, afirma.

Helder Salomão afirma que a situação está grave. “O nosso objetivo foi ouvir e fazer um relatório sobre a situação, com recomendações dos órgãos responsáveis e empresas envolvidas”, explica.

Quatro municípios foram visitados: Aracruz, Linhares, São Mateus e Baixo Guandu. O deputado fala sobre os âmbitos afetados pelo desastre, alertando que muitos acreditam que apenas a pesca foi prejudicada, mas destaca os prejuízos do surfe.

“O surfe de Linhares é o que gera o turismo local. Com a interrupção desta prática houve um prejuízo enorme para pousadas, restaurantes, entre outros comércios”, contesta.

Salomão conta que um dos relatos que ele ouviu foi sobre uma pousada que costumava receber cerca de 400 pessoas no verão e passou por dois anos sem receber ninguém. “São muitos os prejuízos econômicos”, revolta-se.

As reuniões locais tiveram aproximadamente 14 horas de duração e contaram com a presença de 500 pessoas, entre atingidos e representantes das comunidades, que desabafaram sobre a situação que tem enfrentado desde o dia 5 de novembro de 2015.

“Tem consequência na saúde, na economia, no turismo. A pesca em alguns lugares está proibida, a cata do caranguejo também. As famílias que viviam disso, não tem mais essa condição. Eles têm que buscar outra fonte de renda, o que não é fácil ali”, disse Salomão.

Moradores relatam que a Fundação Renova, criada para reparar os danos e amparar os afetados pela lama tóxica, têm na, verdade, tentado os separar. “Querem os dividir como ‘atingidos e não atingidos’, ‘pescadores de fato e não pescadores’. Classificar de forma diferente, aqueles que passam pela mesma dificuldade. As consequências serão sentidas por décadas. A natureza é a prova disso, pois ainda levará um tempo para ser reconstruída”.

Fonte: ES HOJE

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