Se não tiver o nome ratificado pela cúpula do PSDB para encabeçar a chapa presidencial da chamada Terceira Via, o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vai levar o caso para a justiça. O aviso foi dado pelo advogado dele, Arthur Rollo, em entrevista ao SBT News, nesta segunda-feira (16.mai). Para ele, a reunião da Executiva convocada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, não tem o poder de derrubar o resultado de uma prévia partidária.
“Se a Executiva Nacional fizer isso, vai estar exorbitando os poderes que lhe foram conferidos pelo estatuto do PSDB. Nos termos do estatuto, cabe exclusivamente à Convenção Nacional deliberar sobre alianças partidárias e escolhas de candidatos. […] Além disso, a convocação para a reunião [desta 3ª feira] também não seguiu o estatuto. […] É muito mais que um desrespeito ao João Doria, é um desrepeito à democracia partidária e é um desrespeito ao estatudo do PSDB. Tanto o respeito à democracia partidária quanto ao estatuto do PSDB são passíveis de correção pela via judicial, se necessário for”, afirmou Arthur Rollo.
Rollo não quis antecipar que tipo de ação poderá mover, por se tratar de estratégia jurídica. Mas, disse acreditar que o PSDB seguirá o resultado das prévias porque o contrário disso seria desrespeitar seus filiados.
“Se for desrespeitada a decisão das prévias, não é só o João Doria que está sendo desrespeitado. São todos os 45 mil filiados que se habilitaram no processo de votação, especialmente os 30 mil filiados, muito dos quais, se deslocaram até Brasília para realizar a votação. Ficaram pendurados no aplicativo, tentanto votar, dedicaram seu tempo, seu amor ao partido realizando a votação”, disse Rollo.
Em novembro de 2021, o PSDB realizou prévias para escolher seu presidenciável. O ex-governador de São Paulo obteve 53,99% dos votos e superou o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (44,66%), e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (1,35%).
Carta Doria
Em carta enviada ao presidente nacional do PSDB, Doria, chamou de “tentativa de golpe” a contratação de uma pesquisa para definir a candidatura única da terceira via à Presidência.
“Qual foi a nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito. […] Como se sabe, as pesquisas de opinião refletem o momento e assim, como não podem servir de guia único para o voto do eleitor, muito menos podem servir para guiar os destinos do partido na eleição”, aponta a carta de Doria.
Depois da carta de João Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, convocou uma reunião da Executiva do partido para esta terça-feira (17.mai). Bruno Araújo foi coordenador da pré-campanha de João Doria, mas, em abril, o ex-governador anunciou que ele não estava mais na função. A revelação expôs uma intriga interna na sigla. Bruno Araújo respondeu pelas redes sociais com a expressão “ufa!”, dizendo aliviado.
A partir daí, avançaram conversas nos partidos do centro democrático para a pré-candidata do MDB, senadora Simone Tebet, ser a presidenciável e Doria o vice na chapa. Na semana passada, MDB, PSDB e Cidadania autorizaram uma pesquisa para nortear a escolha do candidato do grupo à presidência da República. O estudo foi organizado pelo Instituto Guimarães Pesquisa e Planejamento e os resultados serão apresentados dia 18 de maio.
Fonte: SBT