Menos invasiva, a chamada biópsia líquida evita a necessidade de repetição das biópsias tradicionais

Tratamentos cada vez mais específicos e menos invasivos poderão garantir uma melhora significativa da qualidade de vida de pacientes com diversos tipos de câncer no futuro. Essa é a aposta de pesquisadores de diferentes partes do mundo, que estiveram ontem no 5º Simpósio Internacional do Grupo Oncoclínicas, em São Paulo. Entre as novidades no campo, está a substituição de biópsias por exames de sangue, que já são capazes de identificar mutações no de DNA tumores malígnos.
Conforme explica o diretor técnico do laboratório de diagnóstico molecular Idengene, Raphael Parmigiani, a biópsia, ou seja, a retirada de parte do tecido do órgão, atualmente é a técnica padrão de diagnóstico do câncer. Mas muitas vezes esse doloroso procedimento precisa ser repetido, a fim de identificar alterações nos tumores e redirecionar os tratamentos. A chamada biópsia líquida evita a necessidade de repetição das biópsias tradicionais.
“Através da análise do sangue, nós procuramos o DNA do tumor circulando. Isso é muito útil para a troca de medicamentos, que só pode ser feita quando identificamos mutações”, ressalta Raphael, que acredita que no futuro esse mesmo exame será capaz de auxiliar na análise da eficácia de quimioterapias e radioterapias para a redução ou eliminação dos tumores. “Com a precisão, os médicos poderão identificar se há mesmo a necessidade de cirurgias ou se poderão ser evitadas.”
SALIVA
Se há cerca de cinco anos, a investigação era sobre apenas dois genes para identificar a possibilidade de que certos tipos de câncer passassem de pais para filhos, hoje é possível estudar uma centena deles desembolsando a partir de R$ 2 mil. Segundo Parmigiani, apesar de ainda elevado para a realidade brasileira, o custo do procedimento vem baixando em função de novas tecnologias, equipando-se aos preços no exterior.
Da mesma forma, os resultados também são mais rápidos, podendo ser obtidos em até 15 dias. O teste é feito através de uma amostra de saliva, que pode ser coletada e transportada por até 30 dias, assim o exame está ao alcance de pessoas em diferentes estados.
“Os convênios também já são obrigados a cobrir uma parte desses testes, mas é claro que há indicações específicas, por exemplo, para pacientes jovens com câncer e pacientes com histórico de câncer na família.” Segundo ele, cerca de 10% a 15% os cânceres estão relacionados a fatores genéticos.
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