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Centenas de motociclistas se reúnem em Nova Venécia

Quando são vistos de longe, pilotando suas motos barulhentas, trajando coletes pretos, com aqueles brasões, eles podem parecer maus encarados e cara de poucos amigos. Mas, como diz o conhecido ditado popular, muitas vezes as aparências enganam. E é isso o que acontece quando falamos do motoclube “Galeiros do Asfalto”, um motoclube do município de Montanha, no Estado do Espírito Santo.

Formado por homens, mulheres e chefes de família – que têm na motocicleta uma paixão em comum – os motoclubes, em geral, servem como uma válvula de escape para o estresse e problemas do cotidiano, com encontros e confraternizações e viagens pela região e pelo Brasil. Tudo isso amparado por regras de amizade e boa convivência.

A história do “Motoclube Galeiros do Asfalto” não é de agora. Ela começou há exatos 30 anos, em 1988, movida pela paixão do seu criador, Sandoval Silva Rocha. Atualmente o grupo está consolidado e se expande, mas, nem sempre, foi assim. Sandoval falou ao Correio9 e, no bate-papo com a equipe de reportagem, deixou claro que é apenas um apaixonado pelo motociclismo, pelo seu motoclube, mas, principalmente, pela vivência proporcionada com os membros do grupo. “É como se fosse uma irmandade”, disse, ele.

Neste domingo, 9, os venecianos poderão conhecer esta irmandade, mais de perto, quando será realizado mais um encontro dos “Galeiros do Asfalto”. O evento começa a partir das 9 horas da manhã, na Concessionária Fiat MVC, próxima ao 2º Batalhão da Polícia Militar, em Nova Venécia.

O embrião do “Galeiros do Asfalto” foi o motoclube “Lobos da Montanha”, criado em 1988. Segundo Sandoval – que presidia o grupo – exigências profissionais impediram que ele continuasse à frente do movimento. Com isso, outra pessoa assumiu, mas não deu certo, o grupo minguou e paralisou suas atividades. Mas, ficou a experiência e, foi com ela, que ele criou o “Galeiros do Asfalto”.

O “Galeiros” foi formado, oficialmente, em 2010. De lá para cá, foram realizados 18 grandes encontros. Nova Venécia, vai receber o 19º.

Atualmente, o grupo conta com centenas de membros, que viajam juntos, se reúnem, promovem encontros e visitam uns aos outros. Sandoval descreve que a pauta dos encontros é a informalidade, a troca de vivências, experiências, e claro, muito bate-papo sobre motos.

E, haja assunto, afinal, a variedade de motos é muito grande, cada uma com seu estilo, que, aliás, falam muito sobre seus donos.

“Quando vestimos os coletes não importa a profissão. Procuramos deixar de lado os problemas do dia a dia para falar não só da motocicleta e do seu mundo, mas, também, sobre futebol, música e coisas da vida de cada um de nós. Isso aqui é uma terapia. É mais do que uma família” — disse o fundador do Galeiros.

Como a maioria dos motoclubes, o Galeiros tem uma filosofia própria. O grupo possui uma comunidade no WhatsApp, com regras específicas. Entre as regras, estão as seguintes proibições: mudar a capa; mudar a descrição; qualquer tipo de discriminação; divulgação de outros grupos; qualquer tipo de corrente; propaganda excessiva; postagem de tragédias; pornografia; desrespeito aos membros em geral.

O motoclube é bem democrático. É permitida a participação de mulheres. “Não somos machistas, queremos um grupo irmanado, completo e respeitoso. É uma coisa muito familiar, as pessoas se conhecem, se visitam. Aqui, o mais importante é a confiança”, explicou Sandoval.

Ele citou dois exemplos de aventuras de membros do motoclube. Um, de Jaguaré, no Espírito Santo, viajou mais de dois mil quilômetros, apenas, para conhecer outros membros. Outro, de Carlos Chagas – Minas Gerais – sem conhecer Sandoval, o convidou para ir à sua casa. Ele foi, conheceu a família, e depois viajaram com os filhos.

 

Conheça um pouco da história dos motoclubes

No Brasil a primeira associação de motociclistas foi fundada em 1927, o Moto Club do Brasil sediado na cidade do Rio de Janeiro. Alguns anos depois, mais precisamente em 1932 surgiu o Motoclub de Campos. E talvez seja este o mais antigo Motoclube que se tem notícia no mundo.

Fora do Brasil, na década de trinta, estavam surgindo moto clubes com tendências mais rígidas e muitos acontecimentos vieram a expor a imagem do motociclista ao ridículo principalmente pela imprensa sensacionalista da época que acusava os motociclistas de arruaceiros, desordeiros e outros superlativos.

Mais tarde, algumas produções de Hollywood serviram para incentivar verdadeiros desordeiros a criarem motoclubes e formar gangues. Tal fato fez da Década de 1950 a página negra na história do motociclismo. Mas isso está mudando. Segundo Sandoval, motociclistas “não são arruaceiros que aparecem em encontros fazendo bagunça do tipo estouro de escapamento, borrachão com pneu e por aí vai”.

Uma década depois, os motociclistas voltam a ser tema de Hollywood, com Elvis Presley, Roustabout e Steve McQueen com ‘A Grande Fuga’, uma série de filmes que chegou ao seu auge com ‘Easy Riders’.

Finalmente inicia-se a mudança da imagem do motociclista com o início da sua fase romântica, que perdurou até o final da década de 1970. Este período fixou o motociclista como ícone de liberdade e resistência ao Sistema. No Brasil, nessa época, surgiu em São Paulo o Zapata MC (1963) e já no final da década, no Rio de Janeiro, o Balaios MC (1969) grupo este que já seguia os novos padrões internacionais e o princípio de irmandade.

A partir da década de 1970 viu-se a implantação de diversos motoclubes pelo mundo, a maioria já seguindo o princípio de hierarquia e irmandade. No Brasil, a popularização iniciou-se na década de 1990, quando da liberação da importação pelo governo do então presidente Collor.

O maior Motoclube brasileiro era “Os Abutres” que perderam o lugar para a irmandade “Bodes do Asfalto”. O maior MC do mundo é Hells Angels MC (EUA – 1948).

Os Motoclubes mais antigos são, no Brasil (talvez no mundo) o Moto Club do Brasil (1927) e nos EUA são as Motormaids (1940) M.C. (isso mesmo: um Motoclube de Mulheres).

 

‘Galeiros do Asfalto’ homenageia a ‘rainha das motos’

A Honda CBX 750 é resultado da evolução tecnológica da CB 750 e chegou ao Brasil em 1986, com a importação de 700 unidades. Na época, havia fila de espera para uma das máquinas mais cobiçadas do mercado.

Fabricada até 1995, acabou transformando-se numa clássica, considerada em sua época, a rainha das motocicletas, a 7 Galo, trazendo consigo seus fiéis apaixonados de todas as idades até os dias de hoje, tanto no Brasil, como em outros países.

O “galeiro”, como são apelidados os seus proprietários, são os amantes que conseguiram manter-se com elas ou os que as perseguiram para adquiri-las, posteriormente.

Desta forma, foi que o “Galeiros do Asfalto”, nasceu. Isto é, um conjunto de apaixonados por motos, mas obcecado pela “7 Galo” que resolveu montar um moto-grupo, representando uma espécie de homenagem a esta máquina e aproveitar os momentos de prazer para pilotá-la.

Nem todas as motos do “Galeiros do Asfalto” são “7 Galo”. O nome é uma homenagem. No entanto, ao democratizar a participação de motocicletas de todos os tipos, o grupo oferece uma extensa variedade de máquinas que impressionam pelos tamanhos, cores e estilos: nenhuma é igual à outra. Com informações Correio 9

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