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Chiquinho da Mangueira pediu R$ 1 milhão a Cabral para viabilizar desfile de escola de samba, diz MPF

Chico Otavio, Daniel Biasetto e João Paulo Saconi

RIO – A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) relativa à Operação Furna da Onça, que prendeu o deputado estadual Chiquinho da Mangueira na manhã desta quinta-feira, aponta que o parlamentar teria pedido R$ 1 milhão em propina para realizar um desfile da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba da qual é presidente desde 2013. Deste valor, pelo menos R$ 200 mil foram pagos por Sergio Castro de Oliveira, o Serjão, ex-assessor de Sergio Cabral e um dos principais operadores do esquema que funcionava na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para favorecer sistematicamente os interesses do ex-governador e de Jorge Picciani, então presidente da casa. A operação também tem mandados de prisão para outros nove deputados da casa envolvidos no esquema.

Em depoimento que serviu como base para a denúncia do MPF, Serjão afirmou que o pagamento de R$ 200 mil foi feito “perto de um carnaval” e que o valor foi entregue ao lado da casa da mãe de Chiquinho, na rua Visconde de Abaeté, em Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Além desta quantia, o operador de Cabral também informou que teria pago outros R$ 20 mil ao deputado e que isso seria parte de uma “mesada” entregue sempre na vizinhança da mãe dele a mando de Cabral. Segundo Serjão, um intermediário identificado como Vivaldo (também conhecido por como Fred ou “Fiel”) era usualmente o responsável por receber o dinheiro.

A relação entre Chiquinho e Serjão foi constatada pelos investigadores através da quebra de sigilo telefônico do depoente. Em 2012, eles conversaram nove vezes pelo telefone e, em 2013, outras 11. Os promotores apontam que os contatos entre eles não eram habituais e tinham frequência mensal, o que demonstraria o “foco no ajuste dos detalhes do pagamento da propina”.

No comando da Mangueira há cinco anos, Chiquinho é considerado o responsável por uma guinada positiva na trajetória da escola. Foi sob a administração dele a agremiação quebrou um jejum de 14 anos, com um enredo em homenagem à cantora Maria Bethânia em 2016. Antes dele assumir a presidência, os cofres da escola tinham uma dívida de R$ 12 milhões. As raízes dele na comunidade da chamada “Estação Primeira” estão relacionadas com a Vila Olímpica da Mangueira, onde desenvolveu trabalhos de inclusão de jovens no esporte.

Durante o mandato de Chiquinho, Cabral era o governador do estado apenas no carnaval de 2014. A verde e rosa apresentou naquele ano na Sapucaí um enredo sobre as festas populares do Brasil.

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