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Confrontos na Turquia após suicídio de detido curdo em greve de fome

 

Forças policias e manifestantes envolveram-se hoje em confrontos no sudeste da Turquia, com maioria de população curda, um dia após o suicídio de um detido em greve de fome, referiu a agência noticiosa AFP.

A polícia de intervenção utilizou canhões de água para dispersar apoiantes do Partido Democráticos dos Povos (HDP, o principal partido pró-curdo) que se reuniram em homenagem junto ao caixão do detido em Diyarbakir, grande cidade do sudeste da Turquia.

Segundo os advogados e o HDP, o detido, Zülküf Gezen, suicidou-se no domingo por enforcamento na prisão. Estava em greve de fome há várias semanas contra as condições de detenção de Abdullah Öcalan, o chefe histórico da guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

“Um detido perdeu ontem a vida. Se o ministério da Justiça tivesse cumprido a sua função, o nosso camarada que perdeu a vida ainda estaria entre nós”, acusou o co-presidente do HDP Sezai Temelli, em declarações aos jornalistas.

Gezen estava detido há 12 anos após ser condenado por filiação no PKK, uma organização considerada “terrorista” por Ancara e os seus aliados ocidentais.

Em comunicado hoje divulgado, o procurador da República indicou que Zülküf Gezen se enforcou nos duches com uma corda de estender a roupa, mas afirmou que se tratava de um “suicídio” e não de um ato de protesto contra as condições de detenção de Öcalan.

O chefe histórico do PKK, e um dos seus fundadores, está detido numa ilha-prisão perto de Istambul desde a sua detenção em 1999.

Segundo o HDP, mais de 170 pessoas estão atualmente em greve de fome para exigir a melhoria das suas condições de detenção e, designadamente, a possibilidade de receber os seus advogados e familiares próximos.

O movimento foi desencadeado por Leyla Güven, deputada do HDP, a terceira força política no parlamento de Ancara, e que cumpre uma greve de fome parcial desde novembro.

O PKK desencadeou em 1994 uma rebelião armada contra o Estado turco pela autodeterminação do Curdistão turco, conflito que até agora fez mais de 40.000 mortos devido às ações militares das duas partes.

Progressivamente, o PKK iria renunciar a um Estado próprio e começou a reivindicar mais direitos e uma forma de autonomia no interior da Turquia para os mais de 12 milhões de curdos que vivem no país euro-asiático.

O islamita Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002 em Ancara), iniciou em 2012 conversações de paz com os curdos em torno do reforço do estatuto das populações curdas da Turquia, mas partir de 2015 uma série de atentados contra militantes pró-curdos, de contornos pouco claros, implicou o fim abrupto deste inédito processo.

A repressão contra as populações curdas intensificou-se, e entre 2016 e 2018 o exército turco voltou a intervir de forma implacável no sudeste do país e nos vizinhos Iraque e Síria, onde na região norte, junto à fronteira comum, também predomina a formação armada curda (YPG), uma emanação do PKK.

fonte:noticia ao minuto

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