Estudantes portugueses da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (UL) fizeram um cartaz xenófobo sugerindo que se atirassem pedras em mestrandos brasileiros
Na segunda-feira, em um corredor da faculdade, o grupo satírico denominado Os Marretas colocou um cartaz sobre uma caixa de pedras com os dizeres “Grátis se for para atirar a um zuca (que passou à frente no mestrado)”. Zuca é uma gíria para se referir a brasileiros.
No mesmo dia, estudantes brasileiros denunciaram o ato à direção da faculdade, que mandou retirar o cartaz. O caso ganhou grande repercussão e chegou até o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, que divulgou uma nota de repúdio à ofensa. O embaixador brasileiro em Portugal também entrou em contato com a UL pedindo explicações.
Como forma de se manifestarem contra a xenofobia, dezenas de alunos brasileiros da UL se reuniram na tarde desta quinta-feira na Faculdade de Direito, oferecendo flores em vez de pedras. “Ficamos muito tristes com o que aconteceu, mas foi um grupo pequeno que fez isso. De forma geral, somos bem recebidos”, afirmou Elizabeth Matos Lima, aluna de mestrado e presidente do Núcleo de Estudos Luso-Brasileiros (Nelb), que representa os estudantes do Brasil na UL.
Alguns estudantes brasileiros da Universidade do Porto também promoveram um ato para chamar a atenção contra xenofobia no ambiente universitário. Eles encheram um caixa com poesias de artistas brasileiros para distribuir a professores e outros alunos da universidade. “Cheguei aqui faz três meses e não senti nenhum acolhimento por parte dos portugueses. Não me aceitam para trabalhos em grupo, não me ajudam quando tenho alguma dificuldade burocrática”, conta Jacqueline Rezende, que estuda Sociologia. “Mas o ato de hoje surtiu um efeito positivo, eles se aproximaram, se interessaram pela nossa cultura”.
Resposta
Até o momento, a Faculdade de Direito da UL apenas instaurou um inquérito administrativo para apurar o caso. “Vamos acompanhar de perto, mas a direção está se mostrando inclinada a dar uma resposta firme”, afirmou Elizabeth, do Nelb. Na terça-feira, foi feita uma reunião entre direção da faculdade, os autores do cartaz e alunos brasileiros, na qual havia sido acertado que eles se retratariam. Os integrantes dos Marretas divulgaram ontem um extenso comunicado no qual dizem reconhecer que a xenofobia é um problema “real e gritante” e “expressam a sua admiração pelos alunos luso-brasileiros e brasileiros que ergueram a sua voz para lutarem contra a xenofobia”. Eles, contudo, não se retratam, alegando que houve uma “interpretação errônea” do ato.
Fonte: Noticias ao Minuto