Secretaria de Segurança detalhou que 143 detentos fugitivos foram recapturados

A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penintenciária de Goiás (SSPAP) detalhou, nesta terça-feira, que as forças de segurança recapturaram 143 detentos que haviam fugido após o motim e o massacre em um presídio de Goiás. Presos da ala C, que abriga 449 pessoas, foram os “protagonistas da barbárie”, segundo o porta-voz, tenente-coronel Castilho. Eles invadiram as outras três alas da Colônia Agroindustrial, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, e desencadearam o conflito que deixou nove mortos.
Os corpos dos mortos foram carbonizados e dois deles, decapitados. Seis detentos permanecem internados em um hospital de Goiânia — um deles está na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI). De acordo com o porta-voz da secretaria, de 90 a 100 detentos preferiram deixar a unidade prisional no começo do motim por temerem pela vida. Eles se refugiaram nos arredores do presídio, sem a intenção de escapar, à espera da retomada de controle. Os órgãos de segurança não os contabilizam como fugitivos. Até a noite desta segunda-feira, 77 eram procurados.
Em nota, a Seap destacou que não há falta de comida no complexo prisional e que a falta de água só ocorreu nesta segunda-feira. Segundo o órgão, a companhia de saneamento foi acionada com urgência e resolveu o problema. A relação oficial de nomes dos foragidos será emitida oficialmente nesta terça-feira a partir do funcionamento da Coordenadoria de Cartórios da Seap.
Detentos do regime semiaberto de um presídio na Região Metropolitânia de Goiás iniciaram uma rebelião na tarde desta segunda-feira. Além dos nove mortos, 14 internos ficaram feridos. A secretaria estima que 768 detentos estivessem na cadeia na hora do motim. Outros dois presídios de Goiás foram palco de confrontos no primeiro dia do ano em função da rixa de facções rivais.
RELATÓRIO ALERTAVA
Na invasão, os detentos incendiaram colchões da unidade prisional, deixando corpos carbonizados. Acionado, o Corpo de Bombeiros conteve o fogo. O presídio foi retomado pelo Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope), com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar, por volta das 16h. De acordo com a Seap, o Grupo de Radiopatrulha Aérea (GRAer) da PM também está no local desde o início da rebelião para dar apoio na contenção de fugas e na recaptura de foragidos.
Um relatório divulgado em 2016 pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) alertava para “iminente risco de nova rebelião” na Colônia Agroindustrial. Segundo o documento — intitulado “Relatório de inspeção aos presídios de Goiás” — a unidade tem capacidade para 122 presos do regime semiaberto. Durante visita realizada em março de 2015, após um incêndio no local em 2014, o presídio abrigava 330 detentos. O documento relata que a penitenciária já chegou a abrigar 423 presos.
Ainda de acordo com o relatório, a unidade tem 10 alojamentos individuais e seis coletivos. O documento indica que presos de diferentes facções criminosas eram separados em alas diferentes por questões de segurança. A avaliação, na época, foi de que a segurança do local era ruim — “são apreendidos com frequência aparelhos de celulares e drogas de todos os tipos”, diz o documento.