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Delator diz que Rose de Freitas acertou propina e cargos com Cunha

 

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), o operador financeiro Lúcio Funaro afirmou que a senadora Rose de Freitas (PMDB) está na lista de parlamentares que negociaram propina com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, Cunha funcionava como “um banco de corrupção de políticos”. Os vídeos do depoimento foram divulgados pelo site da Câmara dos Deputados.

A senadora capixaba é citada em pelo menos dois trechos da delação do operador do esquema de Cunha. Em um deles, Funaro explicava aos procuradores por que o peemedebista tinha interesse em ter aliados no Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), que, segundo ele, funcionava como uma espécie de “mini-BNDES”. A pedido dos procuradores, Funaro cita os parlamentares que negociavam com Cunha, entre 2010 e 2016.

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“Todos esses deputados narrados aqui tiveram negócios com Eduardo Cunha e receberam propina dele. Ou receberam propina do deputado Eduardo Cunha ou receberam relatorias, CPI’s, cargos dentro da Casa, que permitiram a eles auferir renda. São eles: André Moura, Fernando Diniz, Lúcio Vieira Lima, Baldy, Arlindo Chinaglia, Eliseu Padilha, Sérgio de Souza, Moreira Franco, Sandro Mabel, Priante, Manoel Junior, Fernando Jordão, Antônio Andrade, Candido Vaccarezza, Alexandre Santos, Hugo Leal, Vladimir Costa, Carlos Bezerra, Soraya Santos, Tadeu Filippelli, Tereza Cristina, Saraiva Felipe, Mauro Lopes, Waldir Maranhão, Rogério Rosso, Washington Reis, Solange Almeida, Rose de Freitas e André Vargas”, revelou Funaro.

Na sequência, o operador detalha como os citados poderiam obter vantagens por meio de Cunha. “Eles podem ter recebido dinheiro do FI-FGTS, da presidência de Furnas, da diretoria internacional da Petrobras, das propostas de medidas provisórias ou projetos de leis, de distribuição pela influência política de Cunha de relatorias ou comissões de CPI’s”, enumerou.

REPASSE DE CUNHA PARA CAMPANHA DE ROSE EM 2014

Em outro anexo, Funaro conta que Rose de Freitas seria uma das beneficiárias de um fundo de R$ 30 milhões criado por Cunha. No vídeo, o delator diz que Cunha distribuiu o recurso, que estava em contas no exterior, para campanhas de parlamentares que considerava “estratégicos”, em 2014. Os pagamentos visavam apoio de aliados na eleição do peemedebista para a presidência da Câmara, que ocorreria no ano seguinte.

Na gravação, o procurador responsável por ouvir Funaro citava alguns nomes de políticos, enquanto que o operador dizia se eles receberam ou não recursos deste fundo criado por Cunha. Em um determinado momento, sem ser questionado pelo procurador, Funaro cita a senadora capixaba.

“Ele deve ter dado alguma ajuda para a campanha de Rose de Freitas no Senado”, afirmou.

Na sequência, ele explica por que tinha o conhecimento de que os nomes citados tinham recebido dinheiro de Cunha.

“Eu sei que esses candidatos que eu confirmei receberam dinheiro, desses R$ 30 milhões, porque quando eu voltei de viagem dos EUA, onde fui fazer tratamento, eu bati com o Denilton (funcionário da JBS) para quem foi pago e qual valor foi pago. Eu queria deixar isso lançado na minha planilha para amanhã ou depois, se eu fosse bater o saldo com Eduardo (Cunha), eu saber… ‘olha você pediu dinheiro para esse, para esse, para esse e para esse'”, relatou.

Funaro ainda conta que parte do aporte, cerca de R$ 10 milhões teria sido feita pelo próprio Funaro. Os outros R$ 20 milhões foram arrecadados junto a JBS.

No vídeo abaixo, Funaro explica como funcionava o fundo. Ele cita a senadora Rose de Freitas aos 6min22s.

O depoimento foi prestado por Funaro no dia 23 de agosto deste ano, na sede da PGR. Os vídeos foram publicados no site da Câmara dos Deputados no dia 29 de setembro. Eles fazem parte dos arquivos relacionados à segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), que está em análise na Casa.

OUTRO LADO

Em entrevista em evento no Hucam, nesta segunda-feira (16), a senadora Rose de Freitas afirmou que o que foi relatado por Funaro “não aconteceu”. “Não existe. Nós olhamos todo o processo. Isso não aconteceu. Isso já foi até esclarecido”, disse a peemedebista.

 “Na minha vida inteira fui pautada por uma coisa fundamental, minha própria dignidade. Que não é sua, não é dele, não é de ninguém, é minha. Eu não poderia vender meu voto para Cunha porque já era senadora. Eu tenho até admiração pela grande inteligência do Cunha, mas nunca pertenci à bancada do Cunha. Fui independente, disputei com o candidato dele, Henrique Alves. Então, acho que qualquer ilação sobre isso, ele tem que responder com seriedade”, completou.

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