A reportagem de A Parresia obteve acesso com exclusividade à uma decisão publicada na última sexta-feira (19) pela Justiça Militar no Boletim Geral da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). O despacho assinado pelo major Carlos Ricardo Goes de Almeida e, pelos subtenentes Marcelo Silva dos Santos e Jose Amilcar Correa Junior demite dos quadros da PM o soldado Nero Walker da Silva Soares. O trio corregedor afirma haver indícios de que o militar desrespeitou regras da disciplina, decoro e do dever da corporação e, cita supostas publicações feitas em redes sociais onde o soldado tece críticas ao Judiciário e ao Ministério Público. Apesar da decisão dizer que o processo reuniu provas para expulsar um dos seus, o suposto conteúdo probatório não é arrolado no despacho. A decisão ainda cabe recurso e, o soldado permanece na PM até que seja esgotado o direito de recorrer. O soldado Nero informou que vai recorrer da decisão.
A decisão também cita publicações do soldado com críticas à integrantes do governo de Paulo Hartung durante o movimento grevista de 2017. Em janeiro de 2018, no entanto, o atual governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), encaminhou à Assembleia Legislativa (Ales) um projeto de anistia que perdoara ações e omissões de militares estaduais durante a greve da Polícia Militar ocorrida em 2017. O projeto foi aprovado com a chancela de 28 deputados estaduais. Mais de 2.600 PMs foram beneficiados, além de outros 23 que foram expulsos da corporação. Eles puderam voltar aos quadros, com direito aos salários que deixaram de receber durante o afastamento. O projeto foi promessa de campanha do governador Casagrande. À época, o governador criticou o governo passado e disse que faltou diálogo. Casagrande tem afirmado que encontrou a PM sucateada e que vem reestruturando as forças de segurança do Estado.
A greve aconteceu em fevereiro de 2017, durante o governo do ex-governador Paulo Hartung (MDB), que perdeu diálogo e o controle sobre as forças de segurança. O movimento grevista durou 21 dias e, uma onda de violência atingiu o Espírito Santo. Parentes de policiais acamparam na porta dos batalhões, e os PMs não saíram para as ruas. 224 pessoas foram assassinadas no Estado nesse período.
A Parresia encaminhou e-mail institucional ao governador do Estado, Renato Casagrande, bem como ao Coronel Douglas Caus – Comandante Geral da Polícia Militar capixaba, questionando se eles têm ciência dos fatos reportados na matéria, uma vez que, há acusações contra o militar punido que estão dentro do período anistiado pelo governador. Nós ainda não recebemos retorno. A reportagem fez contato também com o Secretario de Segurança do Estado, Coronel Alexandre Ramalho. Nós demandamos também a Corregedoria da Polícia Militar. Assim que houver respostas, a matéria será atualizada.
Fontes do Palácio Anchieta, ouvidas no fim da tarde desta segunda-feira (22) afirmam que a reportagem pegou o governador Casagrande de surpresa e , que não era do conhecimento do mandatário os fatos reportados.
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