Investigações do Ministério Público apontam que agentes penitenciários também recebiam dinheiro para favorecer presos com transferências
O GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, a Polícia Militar e a equipe de inteligência da SAP-SP (Secretaria de Administração Penitenciária) realizaram uma operação nesta quinta-feira (12) para combater o crime de corrupção na transferência de presos para o Centro de Ressocialização de Araçatuba (520 km de São Paulo).
De acordo com as investigações, agentes penitenciários recebiam propina para conseguir vaga na unidade prisional. Ainda segundo o Ministério Público, além de pagamentos em dinheiro, familiares e advogados de presos mantinham relacionamentos amorosos com o diretor presídio para conseguir transferência.
A unidade prisional está com quatro pessoas presas a mais do que a capacidade no regime fechado: tem 146 pessoas detidas onde comporta 142 pessoas. No regime fechado, a situação é ainda pior: 89 pessoas presas, para 72 vagas. Mesmo assim, segundo o MP-SP, o presídio é considerado modelo no Estado de São Paulo.
A operação do Gaeco, PM e SAP-SP cumpriu sete mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva nas cidades de Araçatuba e São José do Rio Preto (440 km de São Paulo). Segundo o MP-SP, a ação contou com a participação de agentes penitenciários, seis promotores de Justiça e 25 policiais militares.
Procurada pela reportagem, a defesa do diretor da unidade prisional disse que, no exercício de suas funções ou em razões dela, seu cliente “nunca solicitou ou recebeu qualquer tipo de vantagem, também não aceitou promessa para recebê-las em oportunidade futura”.
O advogado ainda afirmou que a conduta do diretor “é pautada pela legalidade e que seus atos estão amparados nos dispositivos legais que permitem sua realização”. Por fim, a defesa destacou que “colaborará com a apuração dos fatos e, ao final, demonstrará ser inocente das acusações lançadas em seu desfavor”.