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Dois anos após tragédia, centenas de pescadores seguem sem auxílio

Pescadores de Linhares, no Norte do Espírito Santo, que foram prejudicados pela lama de rejeitos de minério da Samarco após a tragédia ambiental ocorrida em 2015 estiveram reunidos na manhã desta terça-feira (10) para conversarem sobre o impasse no acordo com a mineradora e com a Fundação Renova, instituição responsável para reparar os danos causados pela tragédia. Nenhum representante da Samarco ou da Renova compareceu ao encontro.

Pelo menos 300 pescadores estiveram presentes no encontro, que foi realizado no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Interlagos. São pessoas que dependem da pesca para viver e têm a atividade como única renda, mas, com o Rio Doce poluído, não têm mais condições de trabalhar e perderam sua fonte de sustento.

É o que aconteceu com o casal de pescadores Zenilda Rocha Conceição, de 46 anos, e Geilton de Oliveira, de 57 anos. Quase dois anos após o rompimento da barragem, eles ainda não receberam indenização ou qualquer ajuda de custo da mineradora.

A gente vivia da pesca. Agora, para sobreviver, depende da ajuda dos nossos filhos. É muito difícil, a gente não tem condições nem de comprar um remédio. Quando pode, compra, quando não pode, fica sem. Com o Rio Doce poluído, é como se a gente tivesse morrido também, Zenilda – Pescadora

O casal morava em uma casa alugada no bairro Canivete e vivia da pesca no Rio Doce. Porém, desde a tragédia, os dois não tiveram mais condições de pagar o aluguel da residência e agora moram em um barraco construído em terreno que foi comprado por um dos filhos no bairro Farias. “Não temos de onde tirar nosso sustento desde o acontecido”, lamentou Geilton.

Pescador José Carlos disse que muitos pescadores dependem da ajuda de outras pessoas para conseguirem sobreviver

Pescador José Carlos disse que muitos pescadores dependem da ajuda de outras pessoas para conseguirem sobreviver

O pescador José Carlos dos Santos também relata dificuldades desde que o Rio Doce foi atingido pela lama de rejeitos de minério. “Estamos passando na beira do funil desde então. Como vamos voltar a pescar se o rio está poluído? Já são quase dois anos de espera, muitos pescadores dependem da ajuda de outras pessoas para conseguir sobreviver”, explicou.

De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores de Linhares, Milton Jorge, o objetivo da reunião foi unir os pescadores e conversar sobre os processos de indenização. “Até agora, 250 pescadores ainda não receberam nada. Nenhum representante da Samarco ou da Fundação Renova quis vir aqui hoje para discutir com a gente”, alegou.

Já durante discurso na reunião, Milton disse que eles precisam “fazer um grupo forte” de pescadores para lutar contra a mineradora na Justiça. “Nossa luta não pode acabar. Não podemos aceitar acordos com valores baixos. Tem pescadores fechando acordo sozinhos para receber R$ 2 mil, R$ 5 mil, mas não podemos aceitar tão pouco. Precisamos fazer o acordo com a presença dos advogados que nos representam”, falou à plateia presente.

Procurada pela reportagem, a Fundação Renova não enviou resposta até a publicação da matéria.

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