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Duplicação, não remendo

Causa preocupação a proposta de construir contornos e terceiras faixas em alguns trechos da BR 101, em vez da sua duplicação

A perspectiva de que a BR 101 não será duplicada no Espírito Santo, conforme anunciado pela concessionária responsável, a ECO 101, é surpreendente e inaceitável.

Não se trata de opção. De ter preferência por fazer, ou não. A duplicação “é premissa de contrato”, assinado em 2013, conforme salienta o Ministério Público Federal. “Foi uma das principais justificativas para a concessão. Então, fica difícil fundamentar uma alteração substancial, ainda mais com sérias dúvidas sobre o atendimento ao interesse público”, afirmou o procurador da República, André Pimentel Filho.

O diretor-superintendente da concessionária, Roberto Paulo Hanke, assinala que “as dificuldades afetaram o contrato de tal forma que não há como recuperar o atraso. Na forma como está, não se cumpre”. Entre os problemas que travam a duplicação, por ele listados, estão a demora na concessão do licenciamento ambiental e obstáculos às desapropriações e desocupações da faixa de domínio – por onde passa a rodovia. Lamentável. Vê-se a força do jogo de empurra, cultura nociva à vida dos cidadãos em diversos aspectos.

Também é alegada a crise econômica, que teria reduzido em 25% o fluxo de veículos, afetando a arrecadação com pedágio. No entanto, esta receita nas sete praças de cobrança atingiu R$ 550 milhões entre maio de 2014 e maio de 2017. Paga-se R$ 30,80 para percorrer a 101 no Estado.

A concessionária apresentou estudo à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) propondo a realização de um conjunto de obras – contornos e terceiras faixas em alguns trechos – em substituição à duplicação. Seria um remendo à precária situação atual. Causa séria preocupação quanto à segurança no trânsito. Acidentes mas estradas matam quase duas pessoas por dia no Espírito Santo. Não é possível à sociedade conformar-se com isso. É absurdo.

 

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