Bananal Online

Empresa que contratou funcionários resgatados no RS recusa acordo com o MPT

A prestadora de serviço responsável pela contratação dos mais de 200 trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves, não aceitou o acordo proposto pelo Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul. A empresa Fênix não reconhece que as pessoas foram submetidas a condições de trabalho análogas à escravidão.

No último dia 22, a Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul recebeu um pedido de socorro: “agora de noite, eles entraram no quarto, ‘trancou’ a gente e bateu spray de pimenta no rosto, nos espancaram com cadeira, me deram choque. Eu estou aqui todo quebrado, trancou a gente no quarto, dizendo que ia matar a gente. A gente fugiu pela janela, a gente está dentro do mato escondido aqui. Estamos pedindo socorro”.

Douglas Paveck Bomfim, agente da PRF que estava de plantão e participou do resgate dos trabalhadores contratados para colher uvas, fala das condições que encontrou: “a impressão que tu tem é que está entrando num presídio de péssima qualidade. Cheiro muto forte de suor, de comida. O pessoal ficou muito emocionado, que a gente tava ali pra libertar eles que a prece deles tinha sido atendida”.

Eram 207 pessoas. a maioria vinda da Bahia. Todos já voltaram para casa e receberam o dinheiro da rescisão do contrato.

Em uma reunião com o Ministério Público do Trabalho, os advogados do empresário Pedro Augusto de Oliveira Santana, dono da prestadora de serviço que contratou os trabalhadores, não aceitaram o termo de ajustamento de conduta. O documento previa novas obrigações e o pagamento de dano moral individual no valor total de R$ 600 mil.

A defesa da empresa Fênix alegou que não reconhece o trabalho como análogo à escravidão. O Ministério Público do Trabalho decidiu pedir uma indenização por danos morais coletivos.

“Quando procura uma empresa para contratar, tem que se certificar que é idônea, que tem patrimônio suficiente. Depois que eu contratei, eu preciso verificar periodicamente. Exigir documentos, comparecer à sede ou local da prestação do serviço para verificar como está ocorrendo”, afirma a procuradora do MPT do Caxias do Sul, Ana Lucia Stumpf González.

Para tentar diminuir o estrago com a repercussão do caso, as vinícolas que contrataram os trabalhadores divulgaram cartas abertas.

Para a Aurora, os fatos a envergonham profundamente e mudanças serão feitas para qualificar a relação com os parceiros. A Salton disse que vai contratar auditoria independente para verificar as práticas de responsabilidade social, ampliar os canais de denúncia, divulgar o código de conduta ética e aderir ao pacto nacional pela erradicação do trabalho escravo. A cooperativa Garibaldi não divulgou novo comunicado.

Fonte: SBT

Sair da versão mobile