Atitudes simples do cotidiano como tirar “bife” das cutículas e não tratar as rachaduras dos pés podem se tornar porta de entrada para bactérias e causar a erisipela, uma doença de pele grave que ocorre de maneira mais frequente no inverno.
Causada pela bactéria “estreptococo”, a doença ganhou fama após vitimar a blogueira Gabriela Pugliesi, uma das principais influenciadoras do mercado fitness no Brasil, seguida por quase 3,5 milhões de pessoas no Instagran.
A angiologista Ariadne Bassetti, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular, explicou que a única forma de evitar a erisipela – que atinge 2,5 milhões de pessoas no Brasil – é cuidar para que bactérias não tenham oportunidade de entrar no organismo.“Muitas vezes, abre-se um ferimento durante a retirada de cutícula das unhas, o que pode levar ao aparecimento da doença. Rachaduras nos pés, quando não tratadas, também podem abrir ferimentos. Outras formas de contágio são através de picadas de insetos, de mordida ou por cirurgia”, alertou.
A médica explicou que os sintomas da erisipela são febre alta, vermelhidão, dor e inchaço. Segundo ela, em casos mais graves pode haver também a formação de bolhas e feridas.
“Vermelhidão na pele e febre alta são fortes indicadores de erisipela. Aos primeiros sinais é preciso procurar o médico imediatamente”, recomendou.
A especialista acrescentou que a doença é mais comum em pacientes diabéticos, obesos e idosos e, nesses casos, o alerta deve ser maior. “A erisipela é mais comum em idosos por conta da imunidade baixa. Já pessoas acima do peso se tornam vítimas por conta dos problemas circulatórios”, detalhou.
Ariadne ressaltou ainda que, quando a doença é tratada logo no início, são raras as complicações.
“Os casos não tratados a tempo podem progredir para ferimentos graves. A sequela mais comum é o linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela”, disse.
O tratamento, de acordo com a médica, é feito através do uso de antibióticos específicos para eliminar a bactéria, além dos cuidados com a pele afetada.
Para evitar crises da doença, a especialista alertou para a importância dos cuidados higiênicos locais, como manter os espaços entre os dedos sempre limpos e secos e tratar adequadamente as frieiras.
“É importante que se evite os ferimentos com atitudes simples do dia a dia”, frisou a médica.
A erisipela pode matar?
Adriano Antunes da Silva, 37 anos, designer
Sim. Se a doença não for tratada de imediato e de maneira correta, ela pode evoluir para sepse, um tipo de infecção generalizada, caracterizada por um conjunto de manifestações graves em todo o organismo, que podem causar até mesmo a morte do paciente. É preciso ter atenção aos sintomas.
Existem outras formas de entrada dessas bactérias no organismo?
Maria Francisca Mendes, 51, dona de casa
Através de vários outros ferimentos, como micose, picada de inseto, mordida ou cirurgia. A bactéria penetra e determina a infecção numa parte mais profunda da pele. Conforme ela vai aumentando, aparecem a vermelhidão, a dor e o inchaço, propiciando os casos de erisipela.
Quem tem problemas circulatórios está mais propenso a ter erisipela, inclusive mais de uma vez?
Pedro Cerqueira, engenheiro mecânico
Os vasos linfáticos geralmente ficam prejudicados pela inflamação, que é intensa. Isso deixa a pele mais propensa a feridas e, consequentemente, a uma nova erisipela.
A erisipela tem cura?
Grazielly Angelo Costa, 38, analista
Sim. Por se tratar de uma infecção da pele associada a bactérias e também à má circulação local, entre outras causas menores, a doença pode ser curada caso o paciente adote os cuidados indicados pelos médicos.
Sou idosa e tenho diabetes. Por que tenho mais chances de ter erisipela?
Neide Ryan Clóvis, 65, aposentada
Os diabéticos geralmente apresentam baixa imunidade e por esse motivo acabam ficando mais suscetíveis a ferimentos e infecções.
Qual período de persistência da doença? Com o tratamento, em quanto tempo os sintomas melhoram?
Marcelo Vieira Pinto, 39, universitário
Com o uso de antibióticos e os cuidados necessários no local da lesão, em cerca de uma semana o paciente se sentirá melhor. Já a febre normalmente terá passado em quatro dias, com alívio da dor. Dependendo da intensidade da erisipela bolhosa, pode demorar até um mês para o quadro regredir.