Bananal Online

Espirito Santo: 24 mil pessoas no Estado já perderam emprego para robôs

Manoel Marques e os filhos, com o engenheiro agrônomo Antônio Franco (camisa vermelha): boletim no celular. (Foto: Alessandro de Paula)

A substituição de mão de obra humana por robôs já é uma realidade no Espírito Santo. A estimativa é de que 24 mil pessoas ficaram desempregadas após serem substituídas por tecnologia, de acordo com o CEO da Heach Brasil, Estados Unidos e América Latina, Elcio Paulo Teixeira.

Essa situação é uma tendência global e faz parte da chamada Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial.

Caracteriza-se por mudanças muito rápidas e radicais na economia, política e no social, provocadas pela incorporação de novas tecnologias como a inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos autônomos, nanotecnologia e biotecnologia.

Uma dessas pessoas que perdeu o emprego para a tecnologia foi Antonio da Conceição, 59 anos. Ele atuou como porteiro por 26 anos até que o prédio trocou a mão de obra dele e de outros três trabalhadores por uma portaria virtual.

“Para mim, não vai ser tão ruim porque vou me aposentar. Mas os outros vão entrar para a estatística de desempregados. Isso é uma tendência para todos os prédios, os porteiros vão ter que arrumar uma nova profissão”, declarou.

O Sindicato dos Empregados e Trabalhadores em Edifícios e Condomínios estima que, nos últimos dois anos, de 10% a 12% dos porteiros no Estado perderam o emprego para as portarias eletrônicas e virtuais.

Fruto do novo modelo de mercado, em dezembro de 2017 foi inaugurada na Praia do Canto, em Vitória, a primeira loja autônoma da América Latina que funciona sem vendedores, 24 horas por dia.

O acesso à loja é feito por um aplicativo de celular que gera um código e abre a porta da loja. Dentro do estabelecimento, o consumidor registra o que vai levar e faz o pagamento pelo cartão de crédito cadastrado no aplicativo.

“Nós temos o controle de tudo que acontece dentro da loja. É um negócio com objetivo de ser lucrativo. Não ter funcionários é uma consequência baseada na experiência de compra rápida que queremos oferecer para os usuários”, explicou o empresário Rodrigo Miranda, sócio da Zaitt. Ele afirmou já ter resolvido problemas com pagamento remotamente.

Nos planos da empresa está prevista a abertura duas novas unidades nos próximos meses: em Vila Velha e em São Paulo.

Inteligência artificial no campo

A tecnologia aliada a produção no campo pretende revolucionar a forma que os alimentos são produzidos e também ameaça os trabalhadores rurais.

Manoel Marques e os filhos, com o engenheiro agrônomo Antônio Franco (camisa vermelha): boletim no celular. (Foto: Alessandro de Paula)

Em Marataízes, um sistema de inteligência artificial é usado para medir as necessidades da plantação e otimizar a produção. Um sensor mede a irradiação solar e umidade do solo permite controlar de forma efetiva a irrigação e a quantidade de veneno necessário para o controle de pragas. Um boletim é enviado para o celular do proprietário e do técnico.

De acordo com o engenheiro agrônomo do Incaper e representante da tecnologia implementada na plantação de abacaxi, Antonio Franco, o retorno do valor investido no equipamento é conseguido em até um ano e acarreta na redução de 15% da mão de obra de manejo da lavoura, desde trabalhadores rurais até engenheiro agrônomo, que consegue atender mais propriedades no mesmo tempo.

“A produção se torna mais efetiva, porque gasta menos de recurso naturais. O sensor vai fazer recomendação de irrigação e isso reduz até 30% do consumo de água e 15% de uso de defensivos agrícolas. Isso é a internet das coisas aplicada ao campo”, explicou Franco.

Apesar do sensor ter sido instalado apenas há 20 dias, o produtor rural e empresário Manoel de Oliveira Marques, 74, e os filhos dele Luciano da Silva Marques, 46 e Luciana Marques Almeida, 43, esperam que a produção aumente.

“O resultado eu ainda não conheço, mas espero que aumente a produtividade. O maior benefício é ter mais informação sobre a plantação. Com isso, a expectativa é de que a gente consiga melhorar meu produto”, contou Manoel.  Por Luiza Marcondes A Tribuna Online.

Sair da versão mobile