Não só de pintura e escultura vivia o genial italiano Michelangelo. Entre esculpir maravilhas como a Pietà e a estátua de David, pintar coisas extraordinárias como a Capela Sistina, fazer algumas poesias básicas e inclusive atuar como arquiteto, o artista também precisava se alimentar — afinal, saco vazio não fica em pé! E você sabia que um museu na Itáliaguarda até hoje uma lista de compras que Michelangelo fez há uns 500 anos? Dê uma olhada!
De acordo com Anne Ewbank, do site Atlas Obscura, a lista foi anotada por Michelangelo nas “costas” de uma carta e hoje faz parte do acervo do museu Casa Buonarroti, em Florença. Segundo Anne, a relação (que traz uma série de alimentos) foi criada para que um dos servos do mestre fosse às compras e consiste em diversas linhas escritas à mão acompanhadas de pequenas ilustrações — uma vez que o servo provavelmente era analfabeto.
Banquete
A lista de compras elenca uma porção de coisas que Michelangelo queria comer ao longo de três refeições — e o artista devia estar com bastante fome! Entre as ilustrações que o italiano criou, é possível identificar pães, peixes, verduras e vinho para que o servo não se esquecesse de quais itens ele deveria obter, e incluiu uma relação escrita que nós deduzimos que era para o dono da venda ler.
Olha a lista completa (Wikimedia Commons/Michelangelo/Domínio Público)
Mais especificamente, entre outras coisas, Michelangelo queria que seu servo comprasse vários pãezinhos — que são os pequenos círculos que ele desenhou no papel —, anchovas, arenque, vinho seco (reparou nas jarrinhas que o italiano fez?), algumas verduras e tortelli, um tipo de massa tradicional das regiões da Toscana, Lombarda e Emilia-Romagna e que lembra o ravióli.
E reparou que Michelangelo não incluiu carne vermelha na lista? De acordo com Anne, a carta que serviu de papel para a relação traz a data de 18 de março de 1518, o que significa que é possível que o artista estivesse pensando em cardápios para matar a fome durante a Quaresma, período durante o qual os cristãos mais devotos não consomem carne.
Com relação ao documento, de acordo com Anne, em 1518, Michelangelo, que tinha 43 anos de idade, já tinha concluído algumas de suas obras mais famosas — incluindo as três que mencionamos no início da matéria, Pietà, David e Capela Sistina. Esse também foi o ano em que ele, infelizmente, decidiu queimar muitos de seus esboços.
Na verdade, é surpreendente que uma coisa tão banal quanto uma simples lista de compras tenha sobrevivido, considerando que Michelangelo ordenou que boa parte de seus papéis e desenhos fosse queimada antes de sua morte, em 1564. Pois a relação está entre os cerca de 600 esboços que ainda existem do artista e, portanto, está entre as bem-guardadas raridades de sua autoria.