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Exclusivo: inquérito investiga atuação de “polícia paralela” em São Paulo

Integrantes do Indep participaram de operação, na zona leste, que matou dois inocentes e feriu outras duas pessoas | Foto: Reprodução/SBT Brasil

O inquérito a respeito da operação realizada por homens armados e policiais civis, em novembro do ano passado, que terminou com um mecânico e um catador de reciclagem assassinados investiga a atuação de uma “polícia paralela” em São Paulo. O SBT Brasil teve acesso, com exclusividade, aos documentos.

O inquérito, da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, descobriu uma estranha ligação do Instituto Nacional de Defesa e Promoção à Pessoa (Indep) com a corporação paulista. O Indep é uma organização civil criada, oficialmente, para promover ações sociais ligadas a questões de segurança pública e direitos humanos. Até o momento, sabe-se que integrantes deste grupo participaram da operação, na zona leste, que matou dois inocentes e feriu outras duas pessoas.

Na gíria policial, eles são chamados de “gansos”. Investigadores do 24º Distrito Policial e integrantes do Indep atiraram no carro do mecânico Guilherme Lima, de 25 anos. Ele estava com o primo e não parou na barreira montada por policiais. O mecânico levou tiros nas costas. O primo, ferido de raspão, ainda foi espancado.

O catador de reciclagem, que pegava material próximo, morreu com um tiro na cabeça. Outro, que estava num ponto de ônibus, foi atingido no braço. O responsável pela operação e chefe dos investigadores, Marcelo Roberto Ruggieri, disse em depoimento que, após as mortes, mandou os integrantes do Indep embora.

Os três homens da organização levaram as armas usadas por eles. Por causa disso, não é mais possível descobrir se os tiros que mataram as vítimas foram disparados pelos “gansos”. Agentes do instituto também dirigiam viaturas da Polícia Civil. Para a advogada contratada pela família de Guilherme, esse foi o início de uma farsa montada por policiais e “gansos”.

“É uma tentativa flagrante de alterar os fatos de alterar a cena do crime”, pontuou. No site do Indep, aparece o nome do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Muitos portam armas, frequentam estandes de tiros, têm até uma espécie de diploma e um distintivo próprio.

As ligações de integrantes do instituto com policiais de São Paulo vão além da operação desastrada, que terminou com dois mortos e dois feridos. Integrantes do Indep prendem pessoas nas ruas e levam para a delegacia. As provas estão em boletins de ocorrência. Um deles, registrado em 27 de julho de 2020, no 98º DP, na zona sul, mostra que o condutor da prisão é o presidente da organização. Segundo o histórico, com o apoio de policiais, Marcelo Ribeiro da Silva prendeu uma mulher que estava com mandado de prisão temporária expedido por violência doméstica.

Outro boletim, agora da delegacia do Portal do Morumbi, na zona sul, em 28 de setembro do ano passado, afirma que policiais e representantes do Indep investigaram e prenderam pessoas que estariam exigindo dinheiro de pacientes que queriam fazer cirurgias plásticas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A reportagem foi até a sede do instituto, na zona norte, e tocou a campanhia, mas ninguém atendeu.

A pedido da Corregedoria da Polícia Civil, a Justiça decretou sigilo nas investigações. Os policiais estão afastados e até agora ninguém foi preso.

Fonte: SBT

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