Nesta semana, publicamos a lista dos animais mais “assassinos” do planeta. Surpreendentemente, os cachorros ficaram em quarto lugar no ranking, mas não pense que é por conta de ataques: acontece que eles são os principais transmissores da raiva, uma doença que mata mais de 35 a 50 mil pessoas por ano, principalmente na África e na Ásia.
Nesses continentes, as campanhas de imunização dos animais quase não existem. Por conta disso, a transmissão do vírus acaba sendo mais fácil. Porém, seria muito mais fácil e menos dispendioso investir na prevenção da doença do que na cura dos infectados.
Stephen Luntz, do site IFLScience, conta os resultados de uma intensa campanha de vacinação ocorrido em N’Djamena, a capital do Chade. Ainda que “apenas” 71% dos cachorros tenham sido vacinados entre 2012 e 2013, a incidência da raiva caiu drasticamente nos anos seguinte. Em 2014, cachorros com raiva diminuíram em 95%. Já a quantidade de humanos infectados caiu impressionantes 99,8%!
Raiva mata até 50 mil pessoas, sendo que 99% delas foram infectadas por mordidas caninas
“Alcançar uma cobertura suficiente para interromper a transmissão do vírus da raiva do cão e prevenir a reintrodução requer uma compreensão aprofundada da ecologia do cão, das interações cão-homem e dos determinantes sociais e culturais da aceitação da vacina”, analisou o professor Jakob Zinsstag, da Universidade de Basileia, na Suíça, que junto com outros cientistas de seu país e do Chade estiverem por trás do experimento africano.
O sucesso da campanha em N’Djamena prova que, mesmo que não seja plausível vacinar todos os animais de uma região, é possível reduzir a mortalidade humana radicalmente! A experiência também pode mostrar que outras doenças transmitidas pelos animais poderiam ter uma abordagem semelhante.