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Fé e empreendedorismo: Negócio de sucesso uma parceria que dá certo.

Religião virou fonte de inspiração para começar um negócio

Capa de Bíblia personalizada, lanches com personagens bíblicos e santinhos estilizados. Esses são alguns exemplos de negócios que estão dando dinheiro aos empreendedores, demonstrando que fé e habilidades podem andar juntos. O mercado religioso ganha cada vez mais espaço servindo de inspiração para quem quer investir em algo que tenha um significado maior.

Em dezembro de 2016, o empresário Victor Bruno Pêgo Mendanha e a esposa Mariana Ardivel Mendanha abriram o restaurante Óleo de Alegria. No cardápio, os sanduíches ganharam nomes de personagens bíblicos, enquanto as pizzas são identificadas por cidades sagradas.

A ideia começou a ser elaborada durante a pós-graduação, quando Victor pensou, em um trabalho acadêmico, a abertura de uma empresa. Isso foi em 2010 e ele trabalhava na área do petróleo, em Linhares. Com a crise, foi demitido e voltou para Vitória no ano passado.

“Foi nessa época que decidimos investir no restaurante. A ideia era ter um local que gostaríamos de ir e que nos deixaria felizes em frequentar. Conversei com a minha esposa e decidimos que seria uma boa hora para isso”, conta.

O casal é evangélico e os nomes foram todos inspirados na Bíblia. Além disso, há uma programação extensa no local, que atrai visitantes. Quarta, por exemplo, é o dia do futebol. Já na sexta-feira é a vez do karaokê.

“Este mês também lançamos um combo infantil que vem com miniaturas de Davi e Esther. A cada dois meses, será lançado um novo bonequinho. Sempre estamos inventando coisas novas para atrair a clientela. Pessoas de várias igrejas costumam vir ao restaurante. Fomos adaptando o espaço antenados nos evangélicos que gostam de sair para comer. Não pensamos em lucrar, mas em nos sentirmos felizes em um local agradável”, afirma Victor.

Ilustrações de santos postadas junto com mensagens positivas no Facebook deram origem ao Coisa de Santo, uma loja virtual que comercializa canecas, almofadas e quadrinhos, entre outros produtos. A ideia foi dos publicitários Emerson Tononi e Alessandro Duque.

Foto: Marcelo Prest

“Começamos com postagens positivas na rede social e com o tempo as pessoas passaram a perguntar se aquelas ilustrações não poderiam ser impressas em canecas. A partir daí percebemos a possibilidade dessa ideia virar um negócio. As ilustrações têm um traço diferente”, conta Emerson Tononi, que cuida da parte operacional da empresa. Já os desenhos foram desenvolvidos e patenteados por Duque.

A empresa foi criada no início deste ano e ainda não é a fonte de renda principal dos dois empresários, mas eles têm a expectativa de que a ideia vire um meio de sobrevivência para eles.

Análise

Entender o negócio com um todo

Antes de investir no próprio negócio, é necessário buscar informações não só sobre produtos e serviços, mas também sobre controle financeiro, plano de negócios, quem são os concorrentes e clientes, entre outros pontos. O empreendedor precisa entender o negócio como um todo para identificar qual será o nível de recuperação do investimento para não se frustar depois. Não precisa fazer uma mega investimento para validar uma ideia, o importante é lembrar que alguns tipos de negócios têm um ciclo e que podem não ter tanto potencial no futuro. Quanto maior o gasto, maior o risco de não conseguir recuperar depois. Por isso, o plano de negócios é tão importante para quem quer empreender.

Carlos Augusto Castro Perrin, analista do Sebrae-ES

Encomendas para capas por acaso

Foto: Guilherme Ferrari

A jornalista Márcia Menezes garante uma renda extra com a encadernação de Bíblias. A atividade é desenvolvida nas horas de folga, pois ela trabalha com carteira assinada em uma assessoria de imprensa durante a semana.

“Há três anos fiz curso de cartonagem e encadernação. Inicialmente encadernei a minha Bíblia e de um amigo. As pessoas começaram a pedir e foi quando percebi que havia uma demanda neste segmento. A partir daí me estruturei para fazer dessa tarefa um negócio. Vi que tinha mercado e que era algo que eu gostava de fazer”, conta.

Márcia conta que os pedidos são feitos por pessoas de todas as religiões, até mesmo do interior do Estado. “Comecei com encomendas na Igreja Batista de Jardim Camburi e já atendi até um cliente de Barra de São Francisco. O público é variado e independe de religião”, afirma.

Segundo a jornalista, a encadernação de Bíblia já funciona como um segundo salário. Agora, ela está em processo de formalização da empresa.

“Atuo como autônoma, emito nota fiscal, mas agora tenho um plano de negócios. Até já penso em ampliar minha linha de produtos”, comenta.

Em alta

A coach e carreiras e negócios Marcela Calazans ressalta que o mercado religioso está em alta porque o consumidor busca tranquilidade, felicidade e espiritualidade, independentemente da doutrina que segue.

“A fé independe de igreja e os empresários passaram a entender isso, criando oportunidades. Isso nada tem a ver com religião e sim com algo que possa complementar a vida. As pessoas usam esses produtos como forma de se conectar com a essência delas. E não adianta ter uma ideia se não tem público”, avalia.

De acordo com ela, esta é uma forma de evangelizar e uma maneira que os investidores encontraram de levar suas crenças para seus negócios. “Entender qual é o mercado, inovar, ter um propósito faz toda a diferença. Quando alguém empreende colocando sua marca pessoal no negócio, aumenta a chance de estar em contato com um maior número de pessoas e de alcançar o sucesso desejado. Pensar no porquê do negócio e aonde quer chegar torna mais verdadeiro aquilo que está sendo proposto”, aponta.

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