André Garcia quer saber se houve concessão de algum privilégio para o policial civil denunciado por mandar matar a ex-mulher

O secretário de segurança, André Garcia, determinou na tarde desta terça-feira (30) que seja aberta uma investigação para saber se a ida Hilário Frasson ao dentista consiste em algum privilégio concedido ao policial civil, preso como um dos mandantes do assassinato de Milena Gottardi, sua ex-mulher. Ele adiantou que não foi informado sobre a movimentação do preso.
Não fui informado sobre esta situação. Este é um procedimento de informação interna da Polícia Civil, mas determinei à chefia que fosse apurado para verificar que tipo de procedimento é este e se consiste em algum tipo de privilégio. Se tiver algum tipo de privilégio, pode ter certeza que vou mandar revogar
Garcia adiantou ainda que as apurações visam ainda identificar, se houver algum descumprimento de procedimentos, quem seriam os responsáveis pela liberação. “A determinação é para a Chefia de Polícia apurar o que aconteceu, investigar se algum procedimento foi descumprido, apurar as responsabilidades, acaso elas existam, que levaram à saída de Hilário Frasson do presídio destinado aos policiais civis para ir ao dentista”, destacou.
O FLAGRANTE
O acusado de ser um dos mandantes do assassinato da médica Milena Gottardi saiu da Delegacia de Novo México, em Vila Velha, para ir ao dentista na manhã desta segunda-feira (30). Hilário Frasson foi ao consultório, localizado na Praia do Canto, em Vitória.
A equipe de A GAZETA, que está no local, constatou que o policial civil chegou em um carro descaracterizado da Polícia Civil. Uma viatura da PC também participou da ação. Sem algemas, Hilário foi escoltado por quatro policiais.
Ele mesmo tocou o interfone e entrou no consultório. O ex-marido da médica não quis falar com a imprensa. Logo após a entrada de Hilário Frasson no prédio, um dos policiais voltou à rua, manobrou o carro levou Hilário e entrou com o veículo na garagem do edifício.
Um casal que estava no mesmo consultório contou à reportagem que o Hilário chegou, esperou cerca de dois minutos sentado e já entrou para ser atendido, às 9h15.
VEJA VÍDEO
JUIZ TAMBÉM QUER ESCLARECIMENTOS
O juiz Marcos Pereira Sanches determinou que o diretor do presídio onde está o policial Hilário Frasson esclareça as circunstâncias da saída do policial da prisão para tratamento dentário. Hilário está na Delegacia de Novo México, em Vila Velha, na unidade prisional onde ficam, provisoriamente, policiais que cometeram crimes.
A DECISÃO DO JUIZ NA ÍNTEGRA
1 – Tendo em vista que o presente expediente apresenta documentos que não estão nos respectivos autos do inquérito policial, providencie-se a devida regularização, certificando-se.
2 – Conforme noticiado no sítio eletrônico gazetaonline, o investigado Hilário foi fotografado e filmado na rua ao lado de policiais civis que o escoltavam, havendo a informação de que tanto decorreu da necessidade de deslocamento a um dentista.
A todo preso, inclusive o provisório, é assegurado o direito à saúde, compreendendo tratamento médico, farmacêutico e odontológico, até mesmo em local diverso daquele em que esteja segregado, caso o local não esteja aparelhado para tal fim, cuja respectiva permissão de saída é de competência do diretor da unidade prisional. Inteligência do art. 2º, PU, art. 14, §2º, e art. 120, da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal).
Não obstante, reputo necessário esclarecimentos do diretor da unidade prisional, até mesmo para confirmação oficial da informação noticiada e maior transparência no seu proceder, pelo que determino que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, apresente relatório circunstanciado do ocorrido.
Com a resposta, ao Ministério Público.
Serve a presente como ofício.
I-se. Cumpra-se. Dil-se.
Vitória/ES, em 30 de outubro de 2017.
MARCOS PEREIRA SANCHES
Juiz de Direito
Gazeta Online