A situação aperta ainda mais para os aposentados que, geralmente, têm mais gastos com esse tipo de despesa e pagam mais caro pelo plano de saúde
Remédios, exames, consultas, plano de saúde e tratamentos médicos. Esses gastos consomem boa parte da renda das famílias e, muitas vezes, não podem ser cortados.
A situação aperta ainda mais para os aposentados que, geralmente, têm mais gastos com esse tipo de despesa e pagam mais caro pelo plano de saúde. Há situações em que os custos com a saúde chegam a ter uma participação de 57% no orçamento familiar, conforme revela estudo do Núcleo de Pesquisa e Extensão do curso de Administração da Faculdade Doctum, em Vitória.
De acordo com o levantamento, os aposentados gastam mais da metade da renda com cuidados com a saúde, incluindo plano de saúde participativo de cobertura nacional (intermediário), cujo o valor chega a R$ 2.820.
A pesquisa considerou dois idosos de classe média que juntos ganham R$ 4.931,69. Caso os aposentados contratassem um plano de saúde mais completo, o valor despendido seria de R$ 5.376 e ultrapassaria a renda mensal.
O segundo maior gasto apresentado pela pesquisa, considerando o plano intermediário, é com alimentação: 20% da renda. O custo de R$ 985,06 não chega na metade do que é desembolsado para a saúde, R$ 2.820. Depois vem a habitação, com 15,2% (R$ 750). Os outros gastos, como transporte, vestuário, educação e leitura, artigos de residência e comunicação ficam em torno de 1% cada. Já 2,4% são empregados em higiene pessoal e beleza.
O coordenador da pesquisa, Paulo Cezar Ribeiro, analisa que a qualidade de vida dos aposentados fica comprometida, porque o foco das despesas é voltado para os cuidados com a saúde e quase não sobra para outras áreas, como atividades de lazer.
“Fica uma situação inviável. O valor do plano sobe muito mais do que a inflação. Muitas pessoas acabam abandonando ou migrando para um plano mais básico, ainda que seja mais limitado e não atenda fora do Estado.”
APOSENTADORIA
Ribeiro destaca que a situação é ainda mais grave para os aposentados que não conseguiram o teto da aposentadoria. “Alguns até voltam a trabalhar para complementar a renda”, diz.
O casal de aposentados Paulo Canuto e Lúcia Brasil, ambos de 72 anos, gasta em torno de R$ 2.400 por mês com remédios e planos de saúde, quase a metade da renda dos dois.
Eles acionaram a Justiça para lutar contra o aumento dos planos, que juntos passariam a custar R$ 4 mil. “Precisaríamos abdicar dos planos se o aumento valesse”, conta Lúcia. Eles conseguiram que os planos se mantivessem na faixa de R$ 900 cada.
A prioridade do casal é o gasto com os medicamentos. Lúcia relata que consegue economizar porque procura locais que vendem os remédios com preços melhores. “Também faço uma poupança para qualquer imprevisto, para não fazer dívida. Às vezes ainda tenho que pagar alguns exames por fora do plano”, cita.
Orientação é pesquisar preço dos remédios
Já que os gastos com saúde são essenciais e nem sempre podem ser cortados, a dica dos especialistas é procurar economizar na compra dos remédios.
Pesquisar preço em diversos estabelecimentos, procurar por descontos, fazer cadastro nos programas de descontos dos laboratórios, optar por genéricos de laboratórios confiáveis e buscar medicamentos na Farmácia Popular são as orientações.
O professor e especialista em economia doméstica Mário Vasconcelos reitera que o que pesa no bolso dos aposentados são remédios e plano de saúde. “É um gasto essencial, que dificilmente é mudado, então, os aposentados têm que reduzir outras despesas. É importante focar na economia dos medicamentos”, afirma.
Mário orienta que quem ainda não se aposentou deve procurar fazer uma reserva de qualquer valor, sendo que o ideal é de pelo menos 10% do salário, por mês, para ficar mais fácil manter o padrão de vida depois da aposentadoria.
A educadora financeira Lorena Milaneze explica que o primeiro passo para manter as finanças equilibradas é fazer o chamado diagnóstico financeiro. Esse diagnóstico consiste em um levantamento, feito durante 30 dias, de todas as despesas dos aposentados.
A etapa seguinte é procurar as despesas que podem ser trocadas por opções com preços menores, como planos de telefonia e internet mais baratos.
Segundo a educadora, os aposentados devem procurar também planos de saúde compatíveis com as necessidades e que possuam um valor mais acessível. “É importante ainda priorizar a economia de remédios e da alimentação, por meio de pesquisas de preços”, diz.
Lorena avalia que completar a renda é uma boa opção para os aposentados que tiverem condição. Ela orienta que é importante fugir de empréstimos, principalmente para terceiros. Outra dica é traçar objetivos e reservar uma parte do salário para investimentos e emergências futuras.
Também tem dicas para quem ainda não se aposentou: investir em uma previdência privada, paralelamente ao INSS, e cuidar da prevenção de problemas de saúde.
PESQUISA
Pesquisar os preços antes de comprar os remédios, principalmente os de uso contínuo.
Pesquisar também para economizar no gasto com alimentação.
LABORATÓRIOS
Realizar cadastro nos programas de descontos dos laboratórios farmacêuticos.
Optar por genéricos de laboratórios confiáveis.
FARMÁCIA POPULAR
Procurar medicamentos na Farmácia Popular. Em muitos casos, os preços nesses estabelecimentos são mais baixos.
RESERVA
Para quem não se aposentou, é importante reservar parte do salário para manter o padrão de vida depois da aposentadoria. O recomendado é que a parte reservada por mês seja de pelo menos 10% do salário.
DIAGNÓSTICO
Fazer diagnóstico financeiro: realizar um levantamento de todas as despesas durante 30 dias. Assim, o idoso irá identificar quais são os itens que mais estão pesando no orçamento e adequá-los.
SUBSTITUIÇÃO
Saber o que dá para substituir por opções mais baratas, como planos de telefonia e internet.
PLANO COMPATÍVEL
Procurar um plano de saúde compatível com as necessidades da pessoa e que seja financeira mais acessível.
INVESTIMENTO
A pessoa deve procurar investir em uma aposentadoria privada ou em algum outro tipo de investimento paralelamente ao INSS.
RENDA COMPLEMENTAR
Para os aposentados que tiverem condição, a dica é tentar complementar a renda com alguma atividade.
EMPRÉSTIMOS
Fugir de empréstimos, principalmente feitos para terceiros.
OBJETIVOS
Traçar objetivos: guardar parte da renda para investimentos e emergências no futuro.
PREVENÇÃO
A recomendação é se atentar aos cuidados com a saúde para tentar prevenir doenças.
Fonte: especialistas ouvidos por A GAZETA