A Globo tem os direitos de transmissão para TV aberta dos jogos de 19 times da Série A, mas não fechou acordo com o Palmeiras
O “apagão” atingiu TV aberta, TV por assinatura, pay-per-view e streaming. Só os torcedores que compareceram ao estádio Rei Pelé, em Maceió, viram o empate em 1 a 1. O torcedor palmeirense em São Paulo teve de acompanhar o jogo por transmissões radiofônicas.
Houve tentativas de pirataria, via Facebook e YouTube, com o uso de celulares e câmeras, por pessoas que estavam dentro do estádio, mas os links foram logo “derrubados” por denúncias de um dos donos dos direitos.
Eis a novidade. A Globo tem os direitos de transmissão para TV aberta dos jogos de 19 times da Série A. Só não fechou acordo com o Palmeiras. A emissora também pode exibir as partidas de 18 times no pay-per-view (além da equipe paulista, não se acertou com Athletico-PR).
Sem concorrentes no mercado de TV aberta, a Globo se viu confrontada no mercado de TV por assinatura por um rival estrangeiro, o grupo Turner. Quando ainda tinha o canal Esporte Interativo, fechado no ano passado, a empresa americana assinou acordo de transmissão com sete equipes (Athletico-PR, Bahia, Ceará, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos). Desta forma, ganhou o direito de exibir 42 partidas do Brasileirão neste ano, o que fará pelo canal TNT.Outros 13 clubes (Atlético-MG, Avaí, Botafogo, CSA, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, São Paulo e Vasco) fecharam com a Globo, que exibe as partidas pelo SporTV.
O impasse mais sério, pelo número de torcedores que impacta, é entre a Globo e o Palmeiras. É uma discussão complexa, sobre direitos e valores. Os argumentos do clube são baseados em dados objetivos, da mesma forma que os da emissora. Até o momento em que escrevo (quinta-feira à tarde), nenhuma das partes quer ceder nessa mesma discussão.
Como mostrou o jornalista Rodrigo Mattos em seu blog no UOL, Globo e Palmeiras estão perdendo muito dinheiro no confronto. O impasse, lembra ele, ocorre por culpa da legislação, que dá a cada clube direitos sobre a metade de um jogo, mais especificamente pela desunião das equipes, que não conseguem negociar em conjunto com as emissoras.
À medida em que os esportes se tornaram uma mercadoria valiosa para a televisão, a comercialização de direitos de transmissão se profissionalizou em todo o mundo. Na maior parte dos mercados, quem negocia com as TVs são as ligas, em nome das equipes.
Nos Estados Unidos, os direitos de transmissão de partidas de basquete (NBA) e de futebol americano (NFL) atingem a casa dos bilhões de dólares a cada temporada.No Brasil, como lembra Mattos, desde os anos 1980, todas as tentativas de associação dos clubes de futebol foram boicotadas pela principal entidade que comanda o esporte.
É preciso acrescentar que, pelo menos em um momento crucial, em 2011, a Globo teve papel preponderante, aliada à CBF (Confederação Brasileira de Futebol), na luta para esvaziar os esforços de organização das equipes.Na época, com medo de perder os direitos do Brasileiro para a Record, a Globo negociou diretamente com os clubes, causando a implosão do Clube dos 13, a entidade que os representava. Hoje, a emissora deve se arrepender do que fez naquele momento.
Fonte: Noticias ao Minuto