No princípio era só a lama, contaminada por décadas de lançamentos de resíduos industriais. Com os anos, vieram tubos de TV, pneus, computadores, incontáveis sapatos, garrafas plásticas, dejetos de todo tipo. E, após as chuvas de abril, catadores de caranguejos e ambientalistas constataram o crescimento na Baía de Guanabara de uma espécie de ilha de lixo. Como num gênesis da destruição, a “ilha”, visível do espaço, nada tem de natural. Foi criada por falta de saneamento e educação.
Mas a Baía insiste em viver, e não muito distante da ilha de lixo produzida pelo desleixo humano, ela abriga seus últimos botos residentes, que não chegam a 30 animais, alertam cientistas. Suas 202 espécies de peixes a tornam um dos estuários tropicais mais ricos do mundo, revela Marcelo Vianna, professor do Laboratório de Biologia e Tecnologia Pesqueira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).