Lula começa a cumprir a pena na república de Curitiba
Imprensa Redação
Após quase 50 horas de impasse, ex-presidente se entregou à PF e chega em Curitiba à noite
São Paulo. O ex-presidente Lula já está em Curitiba, onde vai iniciar o cumprimento de sua pena, de 12 anos e um mês de prisão, no caso do triplex do Guarujá. O petista se entregou à Polícia Federal (PF) por volta das 18h40 de sábado (7), em São Bernardo do Campo (SP), quase 50 horas depois da ordem de prisão efetuada pelo juiz Sergio Moro. Às 22h20, ele desembarcou na Superintendência da PF no Paraná. O ex-presidente se apresentou à corporação na segunda tentativa de sair do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Na primeira vez, Lula foi impedido pela militância de deixar o prédio onde estava desde quinta-feira à noite. Apoiadores chegaram a quebrar um dos portões da sede do sindicato no esforço de barrar a rendição.
Moro determinou que Lula deveria ter se apresentado à PF em Curitiba até as 17h de sexta-feira (6), mas o prazo foi ignorado pelo petista. Desde que teve a prisão decretada, o ex-presidente ficou alojado no sindicato, cercado por militantes e políticos de esquerda.
Durante toda a sexta-feira, sua defesa negociou as condições para que ele se entregasse. A PF descartou enviar agentes ao sindicato para evitar conflitos, e Lula anunciou que se entregaria durante celebração realizada pela manhã em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017.
Às 18h42, o ex-presidente saiu a pé do sindicato, em meio à multidão que se aglomerava, e percorreu alguns metros até viatura da PF estacionada ali perto. A detenção foi concretizada quase 26 horas depois do prazo que Moro havia dado para ele se entregar voluntariamente.
O ex-presidente seguiu em um comboio de oito veículos até a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, onde chegou às 19h44. Militantes a favor e contra o petista estavam na porta da PF, e a chegada foi confusa, com gritaria e empurrões. Lula passou por um exame de corpo de delito para verificar suas condições físicas e embarcou em um helicóptero da Polícia Militar rumo ao aeroporto de Congonhas.
Lá, uma aeronave da PF já estava preparada para levá-lo até ao aeroporto Afonso Pena, a 25 km de Curitiba, onde o ex-presidente desembarcou às 22h06. Do aeroporto, Lula foi de helicóptero até a sede da PF no Paraná, onde foi recebido com fogos de artifício de apoiadores de sua prisão.
Lula se apresentou à polícia após quase dois dias de negociação intensa. A PF aceitou aguardar que ele presenciasse a missa em homenagem a sua mulher e depois se entregasse.
Resistência. À tarde, por volta de 16h47, em uma primeira tentativa de sair do sindicato, Lula entrou em um veículo com seu advogado Cristiano Zanin Martins, mas não conseguiu deixar o prédio. Centenas de pessoas cercaram o carro e impediram que se movimentasse. O portão da garagem chegou a ser arrancado. O veículo, então, voltou para o prédio, e Lula entrou novamente no sindicato.
O comando do PT pediu, pouco antes das 18h, que os militantes permitissem a saída do ex-presidente do sindicato. Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, a saída era importante para evitar um possível pedido de prisão preventiva por parte de Moro.
Do alto de um caminhão de som, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Lula tinha meia hora pra cumprir a decisão. Líderes da sigla chegaram a sugerir que houvesse uma votação entre os militantes para que decidissem como encerrar o impasse, mas isso não aconteceu.
