No momento em que mantinha o adolescente, de 14 anos, imobilizado no chão da rua Coronel Pedro Maia de Carvalho, no bairro Praia das Gaivotas, em Vila Velha, a lutadora de MMA, de 17 anos, deu conselhos para o menor. Ela não ficou ferida durante o assalto.
O cúmplice do adolescente conseguiu fugir. “O adolescente chorava muito e minha namorada conversou com ele. Deu conselhos para ele sair dessa vida de criminalidade, pois não vai levar a nada. Mas, sinceramente, eu não acredito que tenha mais jeito não”, lamentou o lutador.
Na delegacia, o adolescente confessou que já foi apreendido quatro vezes por tráfico de drogas e uma vez por roubo. “Ele falou que precisava de dinheiro para pagar a boca de fumo. Me choca ver um menino, de 14 anos, fazendo uma coisa dessas, sendo que poderia estar estudando”, disse o lutador.
O rapaz também destacou que não correu atrás do outro assaltante – que fugiu com a bicicleta dele – porque ficou com medo de deixar a namorada sozinha.
Ainda segundo o lutador de MMA, os assaltos e furtos na região são constantes. “Furtam bicicletas até dentro da escola. E o policiamento é fraco, precisa ser reforçado. Me sinto totalmente inseguro”.
“A sorte dele é que ela me segurou”, diz lutador vítima de assalto
O lutador e estudante, de 18 anos, que lutou com bandidos, na noite de segunda-feira (23), no bairro Praia das Gaivotas, em Vila Velha, conversou com A Tribuna e afirmou que reagiu por ter treinamento em artes marciais. Um adolescente, de 14 anos, foi preso na ocasião. A vítima foi ferida com um golpe na mão.
Você percebeu que um dos criminosos estava usando um canivete com soco inglês?
Já dava para ver na mão dele. Depois o adolescente, que foi preso, me mostrou a arma, mas eu logo percebi que era falsa e reagi. O que estava com o soco inglês veio para o meu lado, me feriu e eu consegui acertar uns dois socos nele. Depois, ele largou o canivete e fugiu. Eu peguei para me defender do adolescente, que estava com a arma falsa, e ele partiu para cima de mim.
Como foi o momento da luta?
Eu só tentava me defender e consegui segurar a arma falsa com uma mão. Nós lutamos e eu dei uns golpes nele, usando o canivete soco inglês. Depois, consegui tomar a arma falsa. A minha namorada, que também é lutadora, conseguiu imobilizá-lo. Eu estava muito nervoso. A sorte dele foi que minha namorada me segurou. Eu ia bater muito nele, se ela não tivesse impedido.
Foi aí que você percebeu que estava ferido?
Foi assim que o adolescente foi jogado no chão pela minha namorada. Começou a sangrar muito. Fiquei com o canivete soco inglês e a arma falsa nas mãos. Senti indignação e revolta por toda a situação que passamos. Já tinha sido assaltado antes, mas nunca passei por algo tão violento e agressivo.
Há quanto tempo você luta?
Desde que eu era criança. Hoje, eu luto MMA e também treino Krav Maga. Já participei de competições e estou me preparando para voltar. Quando eu vi que tinha sido golpeado em um dos dedos, fiquei com medo que tivesse atingido o meu tendão. Daí eu não conseguiria mais competir. O corte foi profundo, levei pontos, mas graças a Deus eu vou poder voltar a treinar e competir.
Por que resolveu reagir?
Justamente porque tenho treinamento, conhecimento de artes marciais. Me senti preparado. O meu mestre sempre fala que é melhor saber e não precisar usar do que não saber e precisar. E também, eu percebi que a pistola que ele carregava na cintura era falsa. Se fosse verdadeira, eu teria analisado melhor a situação.
Fonte: Tribuna