jovem Francielli Monteiro Garcia, de 24 anos, denunciou uma troca de recém-nascidos na maternidade do Hospital Regional de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, após descobrir que o filho que cria há nove meses não é o mesmo ao qual ela deu à luz no dia 20 de maio do ano passado.
A descoberta ocorreu em outubro do ano passado e foi confirmada no mês seguinte, após a realização de exames de DNA. O caso é acompanhado pela Defensoria Pública do estado.
A reportagem entrou em contato com a outra mãe envolvida na história, mas não recebeu resposta.
Por meio de nota, o Hospital Regional de Alta Floresta confirmou que as duas mães ficaram alojadas no mesmo ambiente após o parto, em conjunto com os respectivos filhos, até a alta hospitalar e que não houve falha nos procedimentos adotados pelos funcionários da unidade.
De acordo com o hospital, os recém-nascidos saíram “corretamente identificados constando o nome da mãe, data, horário do nascimento e sexo”.
Os dois bebês nasceram na noite do dia 20 de maio de 2017, com minutos de diferença. Francielli, porém, teve complicações após o parto e precisou ser levada para o centro cirúrgico, entrando em contato com o filho só depois de ter se recuperado.
Ao G1, ela disse que, no momento em que recebeu alta, desconfiou que o filho poderia ter sido trocado, pois o nome apresentado na pulseira do recém-nascido era de outra mulher. Ela disse que, ao perceber, ligou para o hospital.
“Eles me acalmaram, disseram que em hipótese alguma os bebês teriam sido trocados e que, no caso, apenas as pulseiras poderiam ter sido trocadas ou saído duas [pulseiras] com o mesmo nome”, afirmou.
Famílias mantêm contato e bebês crescem próximos, segundo Francielli (Foto: Arquivo pessoal)
“A cada dia que se passa, dói mais. Amo os dois filhos como ninguém, coração de mãe sempre cabe mais um, só que minha maior vontade é ter meu filho biológico de volta em meus braços o mais rápido possível”, disse.
Ela ressaltou, porém, que quer manter contato com a outra família, mesmo após a situação ser resolvida.
“Temos dois filhos agora, um de sangue e outro de leite. Sabemos que teve negligência vindo do hospital e não queremos nos beneficiar com essa situação. Só queremos que tudo se resolva da melhor maneira possível”, afirmou.
O defensor público Túlio Pontes de Almeida é quem acompanha o caso, em Alta Floresta. Por meio de assessoria, ele afirmou à reportagem que uma audiência deverá ser feita na quinta-feira (1º) com as famílias para saber como o caso será tratado na Justiça.
Segundo o órgão, a outra mãe teria desistido de ser representada pela Defensoria Pública e teria contratado um advogado para discutir o caso diretamente na Justiça, pois estaria receosa de fazer a troca. O defensor deve pedir um exame de DNA reverso para confirmar a troca dos bebês.
Segundo o Hospital Regional de Alta Floresta, todo recém-nascido é recepcionado pelo enfermeiro e identificado conforme o protocolo da instituição, que consiste na pulseira com o nome da mãe, data do nascimento, hora e sexo. O recém-nascido é apresentado à mãe e ao acompanhante, sendo mostrada a pulseira com o nome da mãe e, em seguida, levado para ao alojamento conjunto, onde é colocado em berço de acrílico, ao lado do leito materno.
No dia 20 de maio, segundo o hospital, duas mães estavam em trabalho de parto, sendo que o filho de Francielli nasceu às 20h46 e foi colocado em berço aquecido e com oxigenioterapia, enquanto ela foi levada ao centro cirúrgico para controlar uma hemorragia. Na outra sala, a outra mãe teve o bebê dela, que foi entregue à ela em alojamento conjunto.
“A acompanhante relatou que esteve todo o tempo acompanhando o processo, desde o parto até o outro dia. E que não consegue imaginar como isto foi acontecer, pois permaneceu acompanhando e cuidando do recém-nascido desde o seu nascimento”, diz trecho da nota enviada pelo hospital.
A instituição afirmou que o fato não havia sido comunicado formalmente ao hospital até o momento, sendo que apenas veio à tonar a suspeita da troca após apresentação do resultado do exame de DNA à enfermeira-chefe da unidade.