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Mãe responsabiliza PMs por morte de adolescente no Caju; PM afirma que houve tiroteio

Foi enterrado nesta quarta-feira (28), no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio, o adolescente Rian de Alencar da Silva, de 15 anos. Ele foi atingido por três tiros numa suposta troca de tiros entre policiais e traficantes na comunidade do Caju. A mãe dele, Lenilda Alencar, acusa militares de terem atirado no garoto.

“Meu filho foi torturado. Eu fui lá [em local na favela], tem sangue do meu filho. Eles mataram o meu filho covardemente. Não teve troca de tiro. Seis ou oito policiais com fuzis. Acabaram com o meu filho com tiro de fuzil. Esse é o procedimento normal da UPP?”, disse a mulher, com a voz embargada em aúdio exibido pelo RJTV nesta quarta-feira (28).

Adolescente morto no Caju é enterrado (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região, os agentes foram recebidos a tiros durante patrulhamento na Rua Interna, que fica na comunidade. A PM informou que o menor foi atingido e chegou a ser socorrido para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiu aos ferimentos.

A mãe de Rian contesta a versão dos militares afirmando que existe um grupo de oito ou dez policiais que se denominam “Bonde do Satanás”. Ela contou que saiu de casa para fazer compras e soube que estava tendo um tiroteio. Quando chegou em casa, soube por vizinhos que o filho dela tinha sido abordado por policiais.

“Aí, eu vim pra casa, e quando eu chego em casa para fazer a comida, o garoto me chamou: ‘Leni, os policais pegaram o seu filho’. Até então, eu pensei que eles estivessem abordando o meu filho. Mas eles abordaram outro garoto, soltaram o outro garoto, e seguraram o meu filho.”

Ainda de acordo com Leni, Rian foi levado para um local longe da comunidade, onde, segundo ela, se “mata porco”. A mãe disse que foi até o lugar onde supostamente mataram seu filho e ainda havia sangue do menino.

“Levaram o meu filho para fora da favela, num lugar onde se mata porco, onde tem uma fábrica de concreto, aí eu fui logo gritando o nome do meu filho: ‘Rian, Rian, Rian’. Hoje, eu cheguei, eu vi eles, mataram o meu filho, arrastaram o meu filho, tem sangue pelo chão, o sangue do meu filho ainda tá lá. Arrastaram o meu filho pelo chão, no concreto”, afirmou a mulher.

Ao chegar no Hospital de Bonsucesso, a mulher disse que tinha a esperança de ver o filho apenas baleado, ainda com vida. “Quando eu cheguei, o pessoal da portaria logo falou: ‘ele chegou morto’. Quando eu vou ver meu filho, ele tá com um tiro na perna, um no braço e um no peito.”

Lenilda, emocionada, também disse como era a personalidade do menino.

“Ele era bobo, brincalhão. Passava quase o dia todo numa lanhouse aqui perto porque eu não tenho computador em casa. Então, ele ficava na lanhouse, brincando, jogando. À noite, ficava em casa ou com o irmão brincando até tarde. Mas ele era uma criança normal, 15 anos, não teve nem a oportunidade de viver a vida dele.”

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