Milhares de pessoas participaram da Marcha da Maconha, na orla de Ipanema, na tarde deste sábado. A 16° edição do evento trouxe o slogan “Contra o abate nas favelas, legaliza, com o Supremo com tudo”.
O vereador Renato Cinco (PSOL), um dos organizadores da marcha, disse que este ano, em especial, ao mesmo tempo que há uma esperança, há uma preocupação.
— A política antidrogas que estimula a internação é uma preocupação, porque ameaça a política de redução de danos. Já a julgamento pela descriminalização das drogas marcada para o mês que vem no STF é uma esperança – disse. – A maconha não mata, mas a proibição da maconha mata todos os dias, é a porta de entrada de negros, pobres e favelados para presídios — ressaltou.
— A legalização da maconha já começou outros países. Não tem volta. O Brasil criminaliza uma planta, que não nasceu criminalizada — disse o advogado André Barros.
Membros da Abracannabis, associação que defende o uso da maconha como erva medicinal, e parentes de pacientes também acompanham a marcha. Há um ano, o filho da psicóloga Aline Harca foi diagnosticado com autismo. Ela acredita que o cannabidiol pode ser mais benéfico que outros medicamentos.
— Acreditamos que o cannabidiol pode ser usado não só para quadros de epilepsia. Que pode ser usada para outros objetivos como regularização do sono e inflamações neurológicas.
A filha de 11 anos da engenheira Aline Voigt usa a cannabis desde 2014 para tratamento da Síndrome de Rett. Voigt defende a regularização da erva para uso medicinal e conta os avanços que sua filha teve desde o início do tratamento:
— O controle de convulsões é mais eficaz e os efeitos colaterais são menores que outros medicamentos. Por causa da cannabis, diminuímos o uso do medicamento e isso nos trouxe muitos benefícios. Minha filha ficou mais espera e aproveita melhor as terapias. Diminuiu o número de convulsões e internações. É preciso mudanças na sociedade e regulamentações.
O deputado estadual Carlos MinC também participou da Marcha. A pista sentido Arpoador da Avenida Vieira Souto ficou fechada ao tráfego de veículos. Segundo os organizadores, 5 mil pessoas participaram. Equipes da Polícia Militar acompanharam a marcha.