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Médicos de 17 cidades do Espírito Santo não cumprem carga horária

Dados são do levantamento feito pelo Tribunal de Contas do ES

Samara Ambrósio, 19 anos, não consegue marcar uma consulta para o filho, Arthur, de 9 meses, no posto de saúde de Santa Bárbara, em Cariacica

A falta de médicos costuma ser a principal razão pela demora enfrentada pela população no atendimento nas unidades de saúde municipais. Contudo a causa do problema pode ser explicada, em 17 dos 78 municípios do Espírito Santo, pelo fato de que os médicos simplesmente não cumprem integralmente suas jornadas de trabalho.

O levantamento foi feito pelo Tribunal de Contas do Estado (TCES) e é um dos componentes do quesito sobre “saúde” do Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM), que teve os dados divulgados ontem.

Nesse índice, a gestão das políticas públicas municipais foram avaliadas em sete áreas. Além da saúde, o TCES analisou a educação, planejamento, gestão fiscal, meio ambiente, proteção da cidade contra desastres e tecnologia da informação. Em cada um desses quesitos, os municípios foram classificados como “baixo nível de adequação” a “gestão altamente efetiva”.

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Os dados para essas análises são referentes a 2016 e foram fornecidos pelas próprias prefeituras, por requisições de documentos e auditorias para validação dos dados.

No caso do levantamento sobre o cumprimento das jornadas de trabalho pelos médicos, 9 municípios haviam declarado que seus profissionais estariam integralmente nos postos, mas durante a auditoria a equipe do TCES verificou que não estavam. Entre os municípios da Grande Vitória, isto ocorreu em Vila Velha e Cariacica.

Durante a fiscalização, os auditores verificaram que nos locais onde o controle de ponto não é digital a situação é agravada, e atendimentos que deveriam ocorrer de manhã e à tarde só ocorrem em um turno.

Além disso, outros 13 municípios afirmaram que seus médicos permanecem apenas para consultas agendadas, e outros 48, o que representa 61% das cidades, disseram que os médicos cumprem integralmente o horário de trabalho.

GERAL

Considerando a média alcançada por todos os municípios capixabas no quesito Saúde, o IEGM ficou em 65% da nota máxima, o que significa que a gestão na área é classificada como efetiva. Apenas o município de Rio Novo do Sul alcançou a faixa de “altamente efetivo”.

Com esses dados em mãos, o tribunal afirma que a partir do próximo ano poderá mirar suas auditorias nos pontos que foram detectados como mais problemáticos.

61%

(48 municípios) declararam que os médicos cumprem integralmente o horário de trabalho contratado

“Por enquanto, não há nenhuma consequência imediata. Mas, com base nesses indicadores, o tribunal vai definir as prioridades para a fiscalização, e em seguida agir administrativamente, aplicando multa, se houve dano aos cofres públicos, solicitar o ressarcimento dos gastos ou fazer com que o município tenha as contas julgadas irregulares”, explicou o secretário-adjunto de Controle Externo do TCES, Adécio de Jesus.

Considerando que a aplicação de recursos na saúde deve ser obrigatoriamente de 15% da receita do município, como prevê a Constituição, os dados revelam que há falta de planejamento e má qualidade dos gastos públicos, na avaliação do secretário-geral de Controle Externo do órgão, Rodrigo Lubiana.

“Percebe-se que o gestor cumpre a obrigação de destinar os recursos, mas não necessariamente o dinheiro é bem gasto e presta um bom serviço para o cidadão”, disse.

O que foi avaliado

Para analisar os dados sobre “saúde” dos municípios, o foco foi a gestão da atenção básica. Entre os quatro itens avaliados para elaborar o indicador, um deles foi a declaração de cumprimento de jornada de trabalho dos médicos.

ONDE A CARGA HORÁRIA NÃO É CUMPRIDA

Afonso Cláudio

Aracruz*

Barra de São Francisco*

Cariacica*

Conceição do Castelo

Dores do Rio Preto

Guarapari*

Ibatiba

Irupi

Itapemirim

Marataízes*

Pinheiros

Piúma*

Santa Maria de Jetibá*

Santa Teresa

Vargem Alta

Vila Velha*

OBS: Os municípios com (*) foram visitados pela equipe de auditores para validar a resposta declarada ao Tribunal de Contas.

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