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“Médicos queriam desligar aparelhos”, revela capixaba com coronavírus nos EUA

Infectado pelo novo coronavírus, o capixaba Gabriel Schoenrock, de 36 anos, precisou batalhar pela própria vida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no estado norte-americano de Massachusetts. Ele precisou ficar internado por 12 dias, sendo que passou metade desse tempo em coma induzido, por conta da Covid-19.

Gabriel nasceu em Vila Velha e mora há quatro anos nos EUA (Foto: Acervo pessoal)

Gabriel nasceu em Vila Velha, mas há quatro anos mora nos Estados Unidos, onde trabalha como vendedor de veículos usados.

O capixaba destacou que os primeiros sintomas que sentiu foram febre e falta de apetite. Uma semana depois, ele fez os exames e foi diagnosticado com o novo coronavírus. A confirmação da doença veio dias após um momento de alegria para ele e para a família: a esposa de Gabriel descobriu que estava grávida.

Ela, a mãe, o irmão e os dois filhos também foram infectados pelo vírus depois de terem dito contato com Gabriel. O capixaba então começou uma batalha para se manter vivo.

“Com o resultado positivo, veio a falta de ar, pneumonia e, como não estava conseguindo receber o medicamento via oral, tive que fazer um cateterismo, pois minhas veias estavam entupidas e não conseguia receber os tratamentos”, revelou ele.

Leia a seguir a entrevista completa:

Sintomas

Os primeiros sintomas foram sete dias de febre e falta de apetite até descobrir que isso era a Covid-19. Depois um dia de hospital já com o resultado positivo, veio a falta de ar, pneumonia e, como não estava conseguindo receber o medicamento via oral, tive que fazer um cateterismo, pois minhas veias estavam entupidas e não conseguia receber os tratamentos.

Fiquei bastante agitado, pois já havia infectado outras pessoas. Toda minha casa e, uma semana antes, descobri que estava sendo papai novamente. Minha esposa grávida com coronavírus, meus filhos, minha sogra, meu cunhado. Eu passei para todos.

Coma

Acharam melhor me induzir ao coma. Fiquei seis dias em coma induzido. Depois tive complicações em me alimentar novamente e tive que fazer um tratamento com fonoaudióloga para engolir de forma correta e mastigar. Fiquei mais cinco dias nesse tratamento, totalizando 12 dias no hospital.

Morte

Gabriel ficou seis dias em coma induzido (Foto: Acervo pessoal)

Achei que estava morto. Eu achei que os médicos estavam esperando eu morrer para desligar o oxigênio e os aparelhos. A UTI é muito triste. Não tem como explicar como é se sentir morto. Eu estava desacordado, mas tinha reflexos de vida.

No fundo, quando pensava que eles queriam desligar os aparelhos, eu pensava comigo tenho dois filhos, uma família linda, esposa e mais um baby vindo. Isso me dava força para seguir querendo viver muito. Fora a convicção de que, naquele momento, Deus estava trabalhando em minha saúde completa e no meu modo de viver também.

Cloroquina e Hidroxicloroquina

Tenho 100% de certeza que não estão sendo usados aqui. Há equipes particulares que estão usando, umas relatam melhoras. Mas, no meu caso, melhorei sem o uso desses medicamentos.

Volta para casa e recuperação da família

Voltar para minha casa foi a melhor sensação que uma pessoa pode viver. Receber o carinho e o amor de quem você ama não tem preço. Ainda parece um sonho e agradeço a Deus todos os dias em que acordo estou com minha família.

Todos foram hospitalizados e estão sendo acompanhados pelos médicos. Os sintomas neles ainda estão fortes, mas todos fora de perigo.

Agora, só temos que esperar mesmo. Tenho que ficar em casa mais 20 dias. Tenho que recuperar as forças e não posso sair ainda para não contaminar outras pessoas.

Vídeo

Esse vídeo aqui na comunidade brasileira ficou bem conhecido. Trabalho vendendo carros e muitas pessoas têm e tiveram contato comigo.

Precisei fazer de dentro do hospital o vídeo, antes de entrar em coma, para alertar quem teve contato a procurar fazer o teste, pois eu estava infectado. Na verdade, além de querer alertar, foi uma orientação médica tentar alertar pessoas que tiveram contato comigo. Pelo menos que eu sei, passei o vírus para pelo menos cinco pessoas.

As pessoas aqui também não acreditavam nesse vírus, não dessa forma. Como eu era conhecido aqui serviu para o famoso fique em casa, porque realmente o coronavírus é perigoso e mortal.

Fonte: Tribuna

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