Número que retrata a indústria da morte é baseado nas apreensões feitas pela polícia nos últimos 15 meses
Levantamento de entorpecentes apreendidos nos últimos 15 meses revela o poder do mercado da droga na Grande Vitória. A soma dos valores chega a R$ 1 bilhão no período. O cálculo foi feito por especialistas levando em conta o valor mínimo do quilo por entorpecentes, como cocaína, maconha, ecstasy e crack.
O número é baseado nas apreensões da Delegacia Especializada de Tóxicos e Entorpecentes (Deten) de janeiro de 2017 a março deste ano. Foi considerado apenas o que a polícia tirou das ruas.
Foram reunidas apreensões de maconha, cocaína, crack, skunk, haxixe e ecstasy. Fontes ligadas à segurança pública estimaram o valor do quilo (e do comprimido, no caso do ecstasy) vendido no mercado para traduzir quanto esse montante representaria em dinheiro.
Além do alto faturamento, os bastidores desse mercado incluem guerra entre gangues na disputa por boca de fumo, além de roubos e furtos praticados tanto por usuários devedores quanto por traficantes que porventura perdem a carga em apreensões policiais.
Concorrência
Chamado de “vapor”, responsável por vender drogas, um rapaz de 20 anos disse que em Jardim Carapina, na Serra, onde atua, tem quatro pontos de concorrência.
“Vamos para a rua com uma carga com 14 buchas de maconha por R$ 5 cada. Dez são para a boca, quatro posso vender ou usar. Trabalho duas vezes na semana e, em algumas delas, saio com R$ 2 mil. Mas tem também os rivais. Vez ou outra há confronto”.
E durante os confrontos quem “paga o pato” provocado pela indústria da morte é a comunidade.
Era tarde de segunda-feira quando PMs em patrulhamento flagraram um grupo embalando drogas e houve troca de tiros, em Porto Novo, Cariacica. Ricardo Bello Teixeira, de 20 anos, dito pela polícia como um dos traficantes, morreu.
Tiroteios em diversos pontos, com direito a uso de metralhadora por parte de traficantes, se espalharam. Karolaine do Rosário Mattos, de 18 anos, morreu com um tiro na cabeça por estar na rua no momento do tiroteio. Ela deixou um bebê de apenas um mês.
Ao todo, 15 mil moradores da região e proximidades ficaram reféns do “cessar-fogo”.