“Não tenho legado nenhum, o que tenho é uma sensação muito clara e muito simples de que as coisas todas que eu fiz vão dando certo”, a declaração foi dada por Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Filho, o Cariê, durante entrevista em 2016. Ele morreu na madrugada desta terça-feira (6), aos 85 anos, por complicações de uma pneumonia.
A vida de Cariê se mistura com a história da Rede Gazeta e também com a história da Comunicação no Espírito Santo. Escritor, compositor e empresário, Cariê estava como presidente do Conselho de Administração da Rede Gazeta desde 2001, quando aposentou. Ele foi o responsável pela modernização do jornal A Gazeta e pela criação da TV Gazeta no Espírito Santo.
Ele assumiu a direção do jornal A Gazeta nos anos 60 e fez da empresa sua vida. “Eu encontrei a vida na Gazeta e larguei todo o resto que eu fazia… porque foi a coisa mais importante da minha vida’’, disse ele durante entrevista em 2018.
Considerado um homem à frente do seu tempo, mas também simples, conseguiu transformar a empresa que antes tratava de interesses políticos de amigos da família e do seu pai, o ex-governador do Estado, Carlos Fernando Monteiro Lindenberg, em um veículo de respeito e destaque.
Carioca de nascimento e capixaba de coração, Cariê formou em Direito na PUC-Rio em 1958, mas nunca advogou. Trabalhou no serviço público federal como assessor do ministro da Justiça, e no estadual com seu pai, iniciou a vida empresarial dedicando-se à atividade imobiliária.
Trabalhou com corretagem, evoluiu para a incorporação e logo criou com amigos uma empresa de construção civil. Além disso, fundou a primeira agência de publicidade do Espírito Santo com outros sócios. Anos mais tarde, a pedido do seu tio Eugênio Queiroz, então presidente de A Gazeta, assumiu a administração do jornal.
Como escritor publicou os livros “Vou Te Contar”, “Eu e a Sorte”, “O Galinha e Elas”, “Bis + cinco”, “Pingos e Respingos”, “Memórias Cariocas & Outras Memórias” e “Muito Longe do Fim”.
Cariê deixa a esposa Maria Alice, os filhos Letícia, Beatriz e Carlos, o Café, este último o diretor-geral da Rede Gazeta, e cinco netos: Eduardo, Mariana, Carlos Fernando, Carolina e Antônio, além de uma trajetória de destaque no desenvolvimento do Espírito Santo.
Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o velório e o enterro vão ser restritos à família.