Após três semanas em coma, com trauma de crânio, face, tórax e abdômen, uma mulher agredida pelo namorado, no domingo de carnaval, no Estácio, na região central do Rio, morreu nesta segunda-feira. O autor, Giovanni Jefferson Henrique de Souza, de 45 anos, foi preso no último dia 8 (Dia Internacional da Mulher), em Copacabana, na Zona Sul.
De acordo com a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM Centro), a partir da confirmação da morte de Cristiane Vernek, de 36 anos, ele deverá passar a responder por homicídio qualificado por feminicídio. O inquérito policial está em andamento e deve ser concluído nessa semana, afirmou a delegada Ana Lucia Barros, responsável pelo caso.
Segundo o cunhado da vítima, David Ribeiro, o casal tinha se separado após cerca de dois anos de relacionamento, mas Giovani tomou várias investidas para reconquistar a namorada.
— Depois que se separaram, ele ia atrás dela com flores, bombons, e ela cedeu. Na nossa frente, o Giovanni não se mostrava violento. Fui saber mais tarde, com umas amigas dela, que ele dava tapas, mas ela nunca me relatou nada, foi engolindo isso, até que na noite do domingo de carnaval, foi num bar e o chamou. Acho que ele achou ruim — contou David.
O cunhado afirmou que Cristiane ficou com sérias lesões em várias partes do corpo, como no rosto, embaixo dos seios e nos pés, “talvez por ela ter tentado fugir”, ele disse. Ao longo das três semanas que ficou internada, a vítima sofreu duas paradas cardíacas, de acordo com ele. A paciente sofreu também com insuficiência renal e pneumonia.
A delegada Ana Lucia contou que a filha de Cristiane também morava no apartamento dele, no bairro do Estácio, mas não estava lá no dia da discussão.
— Uma vizinha ouviu os gritos e chamou a filha da vítima. Depois que ela chegou, uma viatura da Polícia Militar que estava próxima foi acionada. O Giovanni alegou que Cristiane teria tentado agredi-lo com um objeto e ele agiu para se defender, mas o quadro clínico que ela teve não foi compatível com esse relato — afirmou a delegada.
Giovanni teve prisão temporária decretada. Em 2010, ele havia sido preso em flagrante por ocorrência da Lei Maria da Penha.
Na época do crime, uma amiga da vítima disse, em um post de rede social, que Giovanni era “praticante de luta livre” com “históricos de agressão, também em relacionamentos anteriores”.
“E aqui, faço o meu apelo para que mulher alguma perdoe ou se reconcilie com um agressor. Um homem que ama de verdade sua mulher, seria incapaz de agredi-la verbalmente, psicologicamente e principalmente de forma física”, alertou a amiga.
Após o anúncio da morte de Cristiane, diversas publicações lamentando o ocorrido foram feitas por amigos e parentes.
“Foi uma honra ter você na minha vida e lamento muito não ter conseguido fazer nada para te salvar daquele monstro”, afirmou uma amiga no Facebook.
“Hoje (segunda-feira), minha querida prima Cristiane Vernek descansou pela vontade de Deus, mas tenha certeza que este feminicidio não ficará impune”, escreveu um parente.
“Você foi retirada de sua família por conta da maldade humana. Nós sentimos tanto desde o começo, algo cruel… como mulher a gente acaba se colocando no lugar! Lutou bravamente, foram semanas resistindo… Agora acabou o sofrimento e encontrou a paz! Muita força a todos os familiares que estiveram ali, lado a lado, aguardando você acordar desse pesadelo”, disse mais uma pessoa. Com informações do Extra.