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O pior passou? O que significa a redução de casos e mortes por Covid

Ilustração de mapa do Brasil com coronavírus

Com a diminuição de casos confirmados de Covid-19 e da média móvel de mortes decorrentes da doença nos últimos dias, surge novamente a esperança de que o Brasil esteja controlando a epidemia provocada pelo novo coronavírus. Para o país que registrou 4.249 mortos em 8 de abril, um patamar baixo seria um alívio na tragédia coletiva.

Quando se trata, no entanto, de uma doença infecciosa, existem poucas certezas sobre a maneira como o cenário pode evoluir. Nessa sexta-feira (14/5), a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade do Espírito Santo, lançou alerta no Twitter: “Casos novos subindo perigosamente. Isso significa internações e óbitos nas próximas semanas. Se cuidem!”.

Na quinta-feira (13/5), o epidemiologista Wanderson de Oliveira, que fez parte da equipe do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, deu declaração semelhante a jornalistas em uma linha de transmissão de mensagens. “Estamos sentados em um barril de pólvora”, afirmou, em alusão ao índice de estabilização do país no patamar de cerca de 2 mil mortes diárias.

A opinião dos especialistas é que, sim, o pior da 2ª onda passou, mas estamos em patamar muito alto ainda. A curva epidemiológica se estabilizou em um platô elevado, fator que ameaça o controle da epidemia. “Índice de cerca de 2 mil mortes em média não pode ser considerado ‘normal’. Estamos dando ‘cavalo de pau’ à beira do precipício”, alerta Wanderson.

Platô trágico

Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Claudio Maierovitch considera que o cenário ainda é trágico. “As previsões sobre o futuro da pandemia estão muito incertas. Eu diria que ficaremos mais ou menos neste patamar trágico até junho, e só depois veremos o número de mortes cair”, aponta. De acordo com Maierovitch, a reabertura que vem sendo implementada pelos governadores desde abril não permitiu que o vírus fosse, de fato, controlado.

Dentro desse contexto, duas outras situações preocupam. O Brasil, praticamente, não faz vigilância epidemiológica – os testes são insuficientes e os contatos dos possíveis infectados não são mapeados –, e a imunização caminha em ritmo lento. “Se o Brasil deseja sair das cordas, a vacinação deveria estar em 1,5 milhão de doses por dia. Estamos muito longe dessa meta”, frisa Wanderson de Oliveira.

O infectologista Luís Gustavo Santos, do portal EuSaúde, considera que o pior momento da 2ª onda passou, mas lembra que a população não pode relaxar nos cuidados. “Estamos com tendência de estabilidade ou queda, mas a quantidade de novos casos ainda é muito alta”, salienta. “Se não houver agilidade na vacinação, provavelmente vamos ter uma nova onda de contágios”, completa.

Terceira onda?

Na última edição do Boletim do Observatório Covid-19, divulgada na quarta-feira (12/5), pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertaram para a possibilidade do surgimento de uma terceira onda.

De acordo com o documento, os indicadores que vêm sendo monitorados mostram intensa circulação do novo coronavírus – ou seja, apontam que a pandemia pode permanecer em níveis críticos nas próximas semanas, o que favorece o surgimento de novas variantes no país.

“A observada manutenção de um alto patamar, apesar da ligeira redução nos indicadores de criticidade da pandemia, exige que sejam mantidos todos os cuidados, pois uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar crise sanitária ainda mais grave”, assinalaram os cientistas.

O infectologista Luís Gustavo Santos lembra que, enquanto 70% da população não estiver vacinada, é necessário continuar alerta, seguindo estritamente as recomendações de uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos. “Não é hora de baixar a guarda. A relação entre a circulação de pessoas e o aumento do número de casos é direta”, ressalta.

Fonte: Metrópoles

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