Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) explica o significado dos termos comuns para explicar as condições do tempo
Área de baixa pressão atmosférica e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Ao ler as notícias sobre a previsão do tempo no Espírito Santo, esses dois termos são frequentes para explicar a causa das chuvas dos últimos dias no Estado. Mas você sabe o que eles significam? A meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esclarece.
Para começar, ela afirma que a causa das chuvas é uma combinação entre uma frente fria associada a uma região de baixa pressão, juntamente com a Zona de Convergência do Atlântico Sul – olha os termos aí de novo. “Essa Zona de Convergência traz uma nebulosidade que vem da Amazônia, formando um canal de umidade em direção ao litoral (Oceano Atlântico) com nuvens carregadas. Ela está sobre a região Centro-Oeste e o Sudeste”. Segundo Marlene, essa associação é comum na primavera e no verão.
Quando a Zona de Convergência do Atlântico Sul se forma, é sinal de grandes volumes de chuva, que podem provocar transbordamentos de rios e enchentes.
Agora, vamos entender melhor cada termo:
Toda região tem alta e baixa pressão. Quando a condição é de alta pressão, o tempo é bom, sem chuva, o céu claro e a temperatura mais estável. Já a área de baixa pressão indica uma situação de instabilidade, muita nebulosidade e ventos mais fortes.
Na baixa pressão, às vezes, há uma subida de temperatura e depois uma queda. Faz muito calor e depois vem a chuva forte, antecedendo uma frente fria – é só se lembrar de como estava calor antes das chuvas no ES. Nesses casos, a pressão atmosférica começa a cair por conta da temperatura que está subindo. É inversamente proporcional: a temperatura sobe e a pressão da atmosfera cai.
Assim, o tempo fica mais instável, principalmente com nebulosidade e chuva. E essa chuva pode ser forte se estiver associada a outro sistema, que é a tal Zona de Convergência do Atlântico Sul, esse canal de umidade que vem da Amazônia. “Às vezes, elas ficam totalmente unidas.”
Sobre os ventos, a meteorologista destaca que eles acontecem quando a frente fria se aproxima, e que nos primeiros dias eles são mais fortes.
COMO SE MEDE O ÍNDICE DE CHUVA
Outro termo que a gente sempre escuta é a quantidade de chuvas em milímetros. Então, você já sabe que a medida usada para medir o volume de chuva é milímetros por metro quadrado. Imagine um quadrado de um metro por um metro, agora despeje um litro de água nesse quadrado. A água vai subir até a marca de 1mm. Em outras palavras, um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. Aí fica mais fácil imaginar que, se choveu 40mm, seriam 40 litros de água em cada metro quadrado.
O período da chuva também é muito importante. Chover 40 litros de água durante um dia todo pode ter um impacto menor do que chover essa mesma quantidade de uma vez só em uma hora. E como faz para medir a chuva em uma cidade grande? São os equipamentos chamados pluviômetros, espalhados por vários pontos da cidade, que vão indicar o quanto choveu. Por isso, aparecem valores diferentes. Os instrumentos ficam dentro de diversas estações meteorológicas oficiais, que vão fornecer os dados do Brasil todo como uma rede de informações.
Esses dados é que vão permitir as comparações das quantidades de chuva por dia, por mês e por ano.
COMO FUNCIONA O PLUVIÔMETRO
A palavra pluviômetro vem do latim e significa medidor de chuva. Um observador meteorológico faz uso de uma proveta, que é coletada em milímetros, abre-se a torneira do aparelho, a chuva cai no pluviômetro, que tem forma de um funil, e a pessoa mede o tanto que choveu. Essa medição é feita manualmente pelo observador, quando a estação é convencional.
Já a estação automática tem sensores que fazem a medição da chuva. As informações são transmitidas de hora em hora para uma central de meteorologia.
Resumindo, dizer se choveu muito ou pouco, depende da quantidade de milímetros, do período em que a chuva cai e ainda da média histórica do local. No Brasil, quem faz essas medidas oficialmente é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
CHOVEU MUITO EM VITÓRIA
Vamos usar Vitória como exemplo. Somente até as 9h desta segunda-feira, quarto dia do mês de dezembro, choveu 143 milímetros, ou seja, mais de 70% dos 195 milímetros que são normais para o mês. Do dia 29 de novembro, quando começou a chover forte de forma diária em Vitória, até agora foram quase 180 milímetros. (As informações são do Climatempo).