Procurado pela Gazeta do Povo, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) informou que cerca de 85% dos atletas da delegação nacional estão vacinados contra o coronavírus – o que por si só não evita novas contaminações, mas apenas diminui o risco de que a pessoa adoeça ou morra.
O COB não explicou as razões pelas quais os outros 15% dos atletas não foram imunizados e também não informou os números totais de membros das delegações que estão devidamente vacinados.
Segundo o COB, uma comissão médica formada por quatro profissionais, entre eles duas infectologistas, irão participar pela primeira vez de uma missão olímpica da entidade para reduzir os riscos de contaminação pela Covid-19. “O grupo se reúne semanalmente para discutir diversos assuntos, que vão desde a testagem da delegação até a divisão de quartos dos atletas na Vila Olímpica”, diz a entidade em nota. Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, essa comissão de especialistas estabeleceu um rígido protocolo de segurança para todos os integrantes da delegação nacional.
Além disso, o COB informa que haverá testagens diárias de atletas no Japão – e jornalistas brasileiros que já estão fazendo a cobertura dos dias anteriores à abertura dos Jogos relataram que também são obrigados, pela organização da Olimpíada, a fazer exames diário.
Por esse causa dos testes diários, o COB diz que não haverá nenhum tipo de quarentena da delegação brasileira antes do retorno ao Brasil. “Se alguém testar positivo, fará a quarentena no Japão”, informa a entidade.
O COB diz ainda que, no total, serão disponibilizados 14 mil testes de antígeno nas bases do Time Brasil no Japão, graças à parceria com a Fiocruz, para testagem rápida da delegação. Diversos itens de prevenção também forma incluídos no material enviado ao Japão, como 85 mil máscaras descartáveis, 12.500 sapatilhas TNT, 400 borrifadores de álcool e 250 aventais, entre outros produtos.
A Gazeta do Povo também procurou o Ministério da Saúde para saber se se há algum plano de prevenção por parte do governo federal no retorno da delegação brasileira ao país, após a Olimpíada. Mas, até o fechamento desta reportagem, o ministério ainda não havia dado um retorno.
Olimpíada já registra primeiros casos de coronavírus
Mesmo antes do início da Olimpíada, Tóquio já registra os primeiros casos da Covid-19 entre membros das delegações estrangeiras que estão hospedados na Vila Olímpica.
No domingo (18), dois atletas de futebol sul-africanos testaram positivo. No dia seguinte, um atleta da República Tcheca foi diagnosticado com a doença, além de uma ginasta dos Estados Unidos.
No total, até a quarta-feira (20), já haviam sido identificados aproximadamente 80 casos do coronavírus entre os atletas, membros das delegações e outros grupos envolvidos.
Exemplo da Copa América acende alerta
A Copa América, realizada no Brasil entre 11 de junho e 10 de julho, foi um exemplo do risco de que grandes competições esportivas possam promover a entrada de novas variantes do coronavírus no país.
O Instituto Adolfo Lutz, laboratório vinculado ao governo de São Paulo e que integra a rede nacional de sequenciamento genômico do Ministério da Saúde, confirmou que, dentre os casos testados envolvendo a Copa América, dois foram da variante B.1.621. Esses casos foram identificados em integrantes das seleções da Colômbia e do Equador, que disputaram uma partida em Cuiabá (MT), no dia 13 de junho.
Essa cepa da Covid-19 surgiu na Colômbia e já havia sido detectada no Equador, nos Estados Unidos, no Caribe e em alguns países da Europa. Mas até então ainda não havia sido encontrada no Brasil. E segundo o Instituto Adolfo Lutz, essa nova cepa é uma das que merecem atenção devido ao maior potencial de transmissão. “Os vírus sequenciados são da linhagem B.1.621 e possuem, entre outras, mutações nas posições 484 e 501 do gene que codifica a proteína Spike, que podem estar associadas a um maior potencial de transmissão e, por este motivo, é considerada, pela Organização Mundial de Saúde, uma Variante de Interesse”, informou o laboratório quando da divulgação da análise.
Segundo dados do Ministério da Saúde, foram confirmados 179 casos da Covid-19 de pessoas envolvidas com a Copa América (de várias cepas diferentes). Desse total, 36 casos ocorrerem entre jogadores e membros das delegações estrangeiras, 137 entre prestadores de serviços terceirizados e seis da equipe da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).
Fonte: Gazeta do Povo