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Os brasileiros que pagam mais de R$ 100 mil para ter filhos em Miami com nacionalidade americana

Pediatra diz que pelo menos 900 crianças nasceram nos EUA através de serviço ‘Ser Mãe em Miami’, que oferece há três anos a casais da América Latina

Thiago Panes e Miriane Becker acreditam que investimento milionário representará mais oportunidades para o filho no futuro (Foto: Arquivo pessoal via BBC)

No site da agência são listados quatro itens considerados fundamentais e que ficam por conta dos pais: questões imigratórias, seguro saúde, documentação e estada. “Planejo, no futuro, fazer parceria com empresas que possam oferecer esses serviços aos pacientes”, declara o pediatra.

Lorentz enfatiza que o público de seu programa é “classe A” e, por isso, desestimula aqueles que teriam de enfrentar prejuízos financeiros após ir a Miami. “É importante que tenham bom senso ao tomar a decisão de ter o filho nos EUA. Quando embarcar, tem que estar ciente de todos os possíveis custos. Não quero ninguém destruído financeiramente por causa do projeto. Se sair dos Estados Unidos sem pagar algum serviço, nunca mais consegue entrar no país”, declara.

A ida a Miami

Para brasileiras que recorreram ao programa em Miami como Aline Villa, uma das maiores dificuldades foi lidar com as consultas médicas nos EUA (Foto: Arquivo pessoal via BBC)

A agência divulga seus serviços pela internet e publicações em redes sociais. Para auxiliar na divulgação, o pediatra Wladimir Lorentz viaja várias vezes por ano ao Brasil para conceder palestras sobre o tema. No fim de julho, ele esteve em São Paulo, Rio de Janeiro, Sinop (MT), Cuiabá (MT) e Campinas (SP).

A BBC News Brasil acompanhou a palestra que o médico concedeu em uma sala de eventos em um hotel de Cuiabá, em 31 de julho. Para uma plateia de 40 pessoas, a maioria formada por casais, Lorentz falou sobre o “Ser Mamãe em Miami” durante 1h15. “As pessoas entendem cada detalhe do programa nessas palestras, então se sentem mais dispostas a contratar os serviços”, justifica à reportagem, pouco antes de começar a discursar para o público.

Ele afirma que os pais recorrem ao serviço por acreditarem que a nacionalidade americana é uma forma de garantir mais possibilidades aos filhos no futuro. Lorentz comenta que o número de brasileiros que buscam o projeto tem crescido a cada ano. Para o pediatra, dificuldades políticas e econômicas enfrentadas pelo país estão entre os principais fatores que motivam o aumento de clientes do Brasil.

“Os países daqueles que buscam nosso programa normalmente têm instabilidade política, insegurança e problemas sociais, por isso há tantos brasileiros. Ainda na América do Sul, há muitos pacientes da Venezuela, Colômbia e Equador”, declara, acrescentando que sua agência também atendeu casais de países como Rússia e Ucrânia.

Os custos

O programa oferece três pacotes: o de parto natural custa U$ 12 mil; o de cirurgia cesariana, U$ 14 mil, e quando há nascimentos de gêmeos ou mais, o valor é de, aproximadamente, U$ 18 mil. Tendo como base a cotação atual do dólar turismo, o pacote mais barato não sai por meio de R$ 48 mil.

O “Ser Mamãe em Miami” oferece atendimento pré-natal, parto e atendimento após o bebê nascer. No pacote estão inclusos dois exames de ultrassom, anestesia durante o parto, dois a três dias de internação hospitalar, alguns exames e vacinas. O programa conta com uma equipe de 15 pessoas, incluindo dois pediatras brasileiros e quatro obstetras de países latino-americanos.

Durante a estada nos EUA, há outros gastos, como hospedagem, alimentação, transporte e custos extras com atendimentos médicos que não estão inclusos no programa. Segundo Lorentz, os quatro meses que a mulher deve permanecer no país, sendo dois antes do parto e outros dois depois, não saem por menos de U$ 25 mil – correspondente a pouco mais de R$ 100 mil, conforme a atual cotação do dólar turismo.

Panes relata que desde quando chegou aos Estados Unidos junto com a mulher, na época ainda gestante, teve de alugar carro e apartamento. “Foram gastos que eu já sabia que teria, pois fiz um estudo antes de ir a Miami. Ao todo, não gastei menos de R$ 100 mil”, diz.

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