Bananal Online

Velório de Beth Carvalho vira roda de samba no Rio.

Fãs se despedem da cantora no salão nobre do Botafogo. À tarde, corpo sairá em cortejo em carro do Corpo de Bombeiros para o crematório no Cemitério do Caju, na Zona Norte.

O corpo da cantora e compositora Beth Carvalho – conhecida como a Madrinha do Samba e um dos maiores nomes da história do gênero – é velado na sede do Botafogo de Futebol e Regatas, na Zona Sul do Rio, nesta quarta-feira (1º).

O corpo chegou por volta de 9h15 e, com a chegada de vários sambistas à cerimônia, uma roda de samba começou por volta de meio-dia (veja no vídeo acima).

Após a cerimônia, às 16h, sairá um cortejo no carro do Corpo de Bombeiros para o crematório no Cemitério do Caju, na Zona Norte.

O caixão foi disposto no salão nobre do clube sob bandeiras do time e colocado em uma mesa coberta com as cores da Mangueira, sua escola do coração. Um painel com imagens importantes da carreira de Beth Carvalho foi montado na entrada.

Durante o velório, músicas que fizeram parte da história de Beth Carvalho foram cantadas, como “Doce Refúgio”, em alusão ao Cacique de Ramos, “Coisinha do Pai” e o hino do Botafogo, clube de coração da Madrinha do Samba.

Lembranças

O velório foi aberto ao público às 10h. Coroas de flores foram entregues a pedido da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio (Liesa), da família de Diogo Nogueira, de Dudu Nobre e do Botafogo.

Emocionado, o cantor e compositor Dudu Nobre contou que, mesmo com problemas de saúde nos últimos anos, Beth Carvalho lutava para continuar cantando. Ele relembrou a importância da cantora na sua vida.

“A Beth deixa um legado maravilhoso. Ela descobriu e deu oportunidade para muitas pessoas. Eu, quando conheci a Beth, tinha 4 ou 5 anos de idade. Era amiga de todos os sambistas da década de 70, 80 para cá”, destacou Dudu Nobre.

As cantoras Zélia Duncan e Teresa Cristina também estavam entre os primeiros que chegaram ao velório.

Teresa contou que o sucesso da obra de Beth se devia à sua capacidade de se atualizar e conhecer as inspirações do povo brasileiro.

“Eu vim agradecer por tudo, todo o olhar sobre a cultura brasileira. Uma pessoa que sabia o gosto do povo. Ela tinha um olhar sobre o que era popular”, destacou Teresa Cristina.

Segundo Teresa, ela conhecia todas as rodas de samba do Rio, além de ser aberta a novos compositores.

As duas lembraram que a cantora nunca temeu expor as suas opiniões políticas e que, além da música, sua firmeza fica como legado.

“Se tivermos uma unha da teimosia e do valor de Beth Carvalho, o Brasil começa a mudar a sua história. Viva a cultura brasileira! Viva Beth Carvalho!”, ressaltou Zélia Duncan.

Cinco meses de internação

Beth Carvalho morreu na terça-feira (30), aos 72 anos. Ela estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, desde o início de 2019. A causa da morte, segundo comunicado da unidade de saúde, foi infecção generalizada.

Em nota, o empresário da artista, Afonso Carvalho, disse que ela morreu às 17h33 de terça “cercada de amor por seus familiares e amigos”.

Há bastante tempo a cantora sofria um problema de coluna. Em 2009, Beth chegou a cancelar sua apresentação no show de réveillon da Praia de Copacabana, por causa de fortes dores. Em 2012, submeteu-se a uma cirurgia na coluna.

No ano seguinte, foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Tatuapé, no carnaval de São Paulo, mas não participou do desfile por motivos de saúde. Lu Carvalho, sobrinha de Beth, foi quem representou a artista na ocasião.

Show histórico

Em 2018, com a mobilidade cada vez mais reduzida pelos efeitos do problema na coluna, Beth fez um show histórico.

Ao lado do grupo fundo de Quintal, mostrou sua força ao cantar deitada seus sucessos no show “Beth Carvalho encontra Fundo de Quintal – 40 anos de pé no chão”.

Ao longo de sua internação no início de 2019, Beth teve de reduzir a quantidade de visitas. A informação foi compartilhada por sua filha, Luana, após um vídeo mostrar a cantora debilitada cantando deitada na cama do hospital.

FONTE: G1 ES

Sair da versão mobile