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PBH diz que chegou ‘ao limite’ com professores e sindicato alega ‘ameaças’

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) informou nesta terça-feira (10) que chegou “ao limite” da negociação com os professores da rede municipal de educação. O Executivo alega que atendeu aos pedidos da categoria para o encerramento da greve e, mesmo assim, a paralisação foi mantida. Secretários da PBH acreditam ainda que o movimento seja político. Por outro lado, o sindicato nega que as partes chegaram a um acordo e diz que a prefeitura tenta acabar com a greve por meio de “ameaças”, o que prejudica a negociação.

Em entrevista coletiva na tarde desta terça, o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis, disse que o Sindi-Rede (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte) tem dificultado as negociações para o fim da greve.

“O sindicato vem alegando que não temos diálogo. Mas, recebemos eles na sexta-feira (6) para discutir, recebemos uma proposta em um formato que atendesse essa categoria, aprovamos na parte da tarde e mesmo assim o sindicato não aceitou e continua em greve”, disse.

Nessa segunda (9), durante assembleia realizada na Praça da Estação, os professores da rede municipal decidiram manter a paralisação após rejeitar a proposta da PBH. Mesmo assim, a prefeitura enviou a medida para CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte), o que irritou o sindicato.

“Não houve acordo, nós determinamos algumas condicionantes que não foram acertadas e a prefeitura enviou a proposta para a Câmara. Qualquer proposta deve ser apreciada em assembleia antes de ser votada na CMBH, é um absurdo o que a prefeitura está fazendo”, afirma o diretor do Sind-Rede Daniel Wardil.

O secretário André Reis disse que a PBH vai acionar o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) para que a determinação judicial pelo fim da greve seja cumprida, já que a Justiça entendeu que o movimento é ilegal. A prefeitura diz ainda que, caso a greve não termine, os dias não trabalhados poderão ser descontados dos professores e os responsáveis pelo movimento responsabilizados.

Wardil alega que a prefeitura está ameaçando o movimento. “Essa postura atrapalha ainda mais as negociações. Greve termina com aprovação em assembleia e não com ameaças. Quem decide se aceita ou não o que é bom para a categoria, é a própria categoria”, afirma.

Ainda nesta tarde, representantes do sindicato estiveram na CMBH para se reunir com o líder de governo na Casa, Léo Burguês (PSL), e acompanhar a tramitação da proposta. Uma nova assembleia será realizada nesta quarta (10), às 14h, na Praça da Estação.

Ponto de discordância

O ponto de discordância entre as partes está na extinção de dois níveis de carreira dos professores. A prefeitura pretende dar fim aos níveis 1 e 2, que recebem abaixo do piso nacional, que é de R$ 1.623,51 proporcionalizado, recolocando esses professores no nível 3, que recebe R$ 1.701,00.

No entanto, o sindicato pede que a prefeitura reconheça o nível 3 como ponto inicial da carreira dos professores, para que as composições do piso sejam feitas sobre o valor de R$ 1.701,00. “Nós estamos dispostos a abrir mão de dois níveis de carreira, desde que o nível 3 se torne o nível inicial. É só a PBH reconhecer isso”, diz Daniel Wardil.

Demora pode atrapalhar aumento geral

A demora para que as partes entrem em acordo pode atrapalhar a proposta de aumento de 7,2% para todas as categorias enviada pela prefeitura para a CMBH. A previsão é de que o texto seja lido e aprovado em plenário na próxima sexta (13).

“Como é ano eleitoral, nós precisamos sancionar essa proposta até o dia 7 de abril. Não queremos criar um problema sistêmico na prefeitura com todas as categorias, por isso a nossa pressa de aprovar o projeto e o nosso diálogo para tentar fechar esse acordo com o sindicato”, afirma o secretário de planejamento da PBH.

Política em jogo

André Reis disse ainda que a prefeitura suspeita de que a greve seja uma ação política, já que, mesmo após o suposto acordo entre as partes, o sindicato manteve a greve.

“Entramos em ano eleitoral, na própria direção do sindicato tem vários candidatos, sempre houve sindicatos ali, acho que uma certa confusão em ano eleitoral interessa a bastante gente. Quando fizemos o atendimento do pleito, exatamente como negociamos, e isso não foi aceito pelo sindicato, levanta mais a nossa suspeita de que não tem nada a ver com a pauta especificamente que está sendo tratada”, afirma o secretário.

Daniel Wardil do Sind-Rede negou a acusação e disse que “lamenta a postura da prefeitura”.

Alunos prejudicados

A prefeitura alega que cerca de 40 mil alunos estão sendo prejudicados pela paralisação. A secretária municipal de Educação, Ângela Dalben, pede para que o sindicato não amplie a greve. Ela também mostra preocupação com a reposição das aulas perdidas.

“É um problema sério para as famílias, os estudantes e para a cidade. Uma greve que já foi considerada ilegal e já tivemos muitos problemas com as enchentes, eu fico bastante preocupada com as crianças e com as dificuldades que vamos ter para termos os 200 dias letivos que nós teremos. Acredito que os colegiados devem ser atuantes para que os pais e as famílias estejam junto dos professores para reorganização desse calendário”, afirma.

Fonte: BHAZ

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