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PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer e Dilma

Eduardo Cunha, preso em Curitiba, também é alvo da operação

RIO — A Polícia Federal (PF), em operação com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal, prendeu na manhã desta terça-feira Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) . Alves é ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer e também ex­-presidente da Câmara dos Deputados. Ele estava em casa, num condomínio de luxo em Petrópolis, zona leste de Natal, e foi levado sob gritos de “ladrão”. A ação que o prendeu, batizada de Operação Manus, é mais um desdobramento da Lava-Jato, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht. A investigação mira atos de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro, envolvendo a construção da Arena das Dunas, em Natal. O sobrepreço na obra de construção do estádio chega a R$ 77 milhões. (TUDO SOBRE A “REPÚBLICA INVESTIGADA”)

Além de Henrique Alves, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba, também é alvo de mandado de prisão. No total, são 33 mandados judiciais — cinco de prisão preventiva, seis de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Norte e Paraná. Participam da operação, 80 policiais federais.

A operação foi antecipada em um dia. Originalmente, ela só seria deflagrada amanhã, mas a informação de que Henrique Alves viajaria fez com que a ação ocorresse hoje. Além da ordem de prisão emitida pela Justiça Federal no Rio Grande do Norte. Henrique Alves e outros alvos também tiveram prisão decretada pela Justiça Federal no DF. Em Brasília, o ex-ministro é acusado de obstrução da justiça

Também são alvo da operação Eurico Alecrim, que é assessor de Henrique Alves, e o publicitário Arturo Arruda, irmão da mulher de Alves, Laurita Arruda. Eles foram conduzidos coercitivamente para depor na sede da PF em Natal, no bairro de Lagoa Nova, na zona sul da capital. Também foi preso o atual secretário de obras da prefeitura de Natal, Fred Queiroz.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede do PMDB de Natal e na agência de publicidade Art & C, de propriedade do cunhado de Henrique Eduardo Alves.

Ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves é preso no apartamento onde mora, durante Operação Manus – Frankie Marcone / Estadão Conteúdo

INVESTIGAÇÃO

A investigação começou após análise de provas obtidas pela Lava-Jato, que, segundo a PF, “apontavam solicitação e efetivo recebimento de vantagens indevidas” por dois ex-parlamentares. Alves e Cunha teriam recebido propina para favorecer duas empreiteiras envolvidas na construção do estádio para a Copa do Mundo.

O pagamento da propina teria sido feito, de acordo com a Polícia Federal, por meio de doação oficial de campanha entre 2012 e 2014. Segundo as investigações, valores supostamente doados para a campanha de um dos alvos em 2014 foram desviados para benefício próprio do candidato. O Justiça também determinou a quebra dis sigilos fiscal, telefônico e bancário dos alvos.

A Operação Manus foi assim batizada em referência ao provérbio latino “Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat”, cujo significado é: “uma mão esfrega a outra; uma mão lava a outra”.

HENRIQUE ALVES

Na Operação Catilinárias, em 2015, a casa do ex-ministro dos governos Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves, também foi alvo de mandado de busca a apreensão. Os investigadores apuraram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no favorecimento de duas empreiteiras responsáveis por construir a Arena das Dunas, em Natal.

O mandado de prisão contra Alves foi expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ele foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, e pediu demissão em junho de 2016 após ser citado em delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Em 2014, Alves concorreu ao governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado no segundo turno. Ele é mais um aliado do presidente Michel Temer a ser preso.

Matéria do Acervo O GLOBO mostra que 15 anos atrás, em 2002, o então deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) era acusado pela ex-mulher Mônica Infante de Azambuja Alves de ter US$ 15 milhões em paraísos fiscais, além de conta num banco em Miami. A afirmação foi feita no processo de separação litigiosa do casal.

Alves divulgou nota, classificando as acusações de delirantes e dizendo que não possuía os bens que a ex-mulher pedia na Justiça. Na ocasião, Mônica Azambuja, no processo de divórcio, acusava o ex-marido — de quem se separara em 1998 — de ter dinheiro em Genebra, Bahamas, Ilhas Jersey, além de conta no Lloyds Bank, em Miami.

 

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