Nero Walker Soares da Silva, que estava em uma cela separado dos outros militares presos no Quartel, teve um surto e foi encaminhado para a unidade
O soldado da Polícia Militar Nero Walker Soares da Silva está internado no hospital Adauto Botelho. Depois de transmitir a própria prisão, ao vivo, pelo Facebook, na última sexta-feira (16), o policial foi colocado em uma cela separado dos outros militares presos no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Espírito Santo. No domingo (18), o soldado teve um surto e foi encaminhado para o hospital psiquiátrico.
Preso em caráter preventivo, por conta de postagens feitas no Facebook com críticas à Polícia Militar e às autoridades públicas do Estado, Walker é apontado como um dos militares que participaram do movimento paredista da policia militar do Espírito Santo em fevereiro, atuando principalmente nas redes sociais e na gravação de vídeos.
Em nota, a Polícia Militar explicou por que o soldado foi encaminhado ao hospital psiquiátrico. “O soldado Nero Walker apresentou sinais de descontrole emocional e agressividade. A Polícia Militar aguarda a conclusão do laudo médico para definir as providências que serão adotadas”, diz a nota.
Prisão transmitida ao vivo
Walker foi preso na manhã de sexta-feira (16) em casa, no bairro Amarelos, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. O militar fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook da própria prisão, enquanto outros oficiais da PM o aguardavam do lado de fora da casa.
Com o título da transmissão “Acho que vão tentar me prender”, o soldado pede para ler os mandados de prisão e de busca e apreensão antes de se entregar à polícia. Enquanto um outro PM lê a decisão judicial, o comandante do Comando de Policiamento Ostensivo (CPO) da região Sul, coronel Alessandro Marin, segura o braço de Nero Walker pelas grades do portão.
“Por que o senhor está me agredindo? Eu tô colaborando com o senhor. Quero ler o mandado primeiro”, questiona o militar durante sua prisão.
Associação considera que prisão é “absurda”
A prisão de Nero Walker Soares da Silva foi classificada pela Associação de Cabos e Soldados do Estado como “equivocada” e “absurda”. Para o presidente da entidade, sargento Renato Martins, “está havendo perseguição política e repressão à liberdade de manifestação”.
“A própria Constituição diz que é livre a manifestação do pensamento”, defende Martins. De acordo com o sargento, Walker estava afastado de suas funções e passava por um tratamento psiquiátrico. “Mas isso certamente não foi considerado”, criticou.
Já o coronel Ilton Borges, da Corregedoria da PM, argumenta que não se trata de censura, mas sim de uma medida necessária para cessar as recorrentes ofensas feitas por Walker à seus superiores. “Ele incide em várias práticas criminosas. Além de criticar, difamar seus superiores hierárquicos, ele incita outros policiais à desobediência rotineiramente”, garante.
(fonte: Gazeta Online)