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Polícia não se intimida com afronta de traficantes: “O trabalho está sendo feito”

Com números. Foi assim que o tenente-coronel Geovanio Ribeiro, comandante o 1o Batalhão da Polícia Militar de Vitória, respondeu à afronta feita por bandidos na noite da última quarta, no Morro da Piedade, quando pediram para que a faxineira Marly Ferreira, que teve a casa incendiada, entregasse uma bala de fuzil à polícia, com o recado de que tinham armas melhores que a dos agentes e que eram donos do morro.

“Na área do primeiro batalhão, este ano, só de escopeta, pistolas e fuzis, apreendemos 91. Nós prendemos toda a primeira e segunda geração de donos do tráfico do bairro da Penha. Estamos na terceira, então esse tipo de coisa soa jocoso. É a fala de alguém que é envolvida com criminalidade, que nem vale a pena retrucar. O trabalho está sendo feito, os resultados estão aí”, frisou o comandante.

O tenente-coronel também se posicionou a respeito da denúncia de moradores sobre a falta de policiamento no Morro da Piedade. Eles disseram à reportagem de A Tribuna que na quarta, depois do incêndio em duas casas do local, os policiais pararam de circular. “Não existe essa possibilidade. O Destacamento de Polícia Militar (DPM) do bairro funciona 24h. Respeitamos as pessoas, mas há falas ali que não condizem com a realidade”, retrucou.

Ribeiro pontuou que, depois do ataque de criminosos de quarta, o policiamento será reforçado na região. “Na noite de hoje (ontem) vamos levar o pelotão de elevamento para priorizar aquela área, e teremos a repetição desse procedimento na sexta, sábado e domingo. Teremos o DPM que nunca fecha; a presença, durante o dia, de reforço, e tropas especializadas à noite. Esse será o esquema para o feriado.”

De acordo com o comandante, o que aconteceu no alto do Morro da Piedade foi uma demonstração de poder entre facções criminosos que disputam território de tráfico. “Foi um movimento do grupo de bairro da Penha e São Benedito contra os rivais deles na comunidade da Piedade. Eles tocaram fogo não só na casa da Marly, como em outra casa vizinha, onde um traficante, egresso do sistema prisional, teria feito ameaças ao grupo de bairro da Penha. Ele estaria com a mãe nessa casa”, enfatizou.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Vitória informou que as famílias estão abrigadas provisoriamente no Centro de Vivência que fica no próprio bairro Piedade e lá foram providenciados alimentação, com almoço, lanche e jantar, além de roupas de cama e banho, colchões, fogão e geladeira. “Estamos providenciando um espaço mais adequado para transferir as duas famílias – total de 14 pessoas – até semana que vem”, completou a nota.

Entenda como começou a guerra entre Morro da Piedade e bairro da Penha

> 2011

Em 2011, as comunidades de Piedade, Fonte Grande, Moscoso e Cabral, eram dominadas por um criminoso conhecido como “Moderninho”.

A família Batista Lemos e outros suspeitos como Gean Gaia, o “Chocolate”, e Alan Rosário Oliveira ajudavam no gerenciamento.

A família Ferreira Dias, composta por Marly Ferreira, João Paulo Ferreira Dias (preso desde 12/07/2018), Paulo Ricardo Ferreira Dias (evadido desde 26/12/2018), Felipe Ferreira Dias (preso desde 10/04/2018), Marcos Vinícius Ferreira Dias e Elizangela Ferreira Dias (presa desde 12/07/2018) rivalizava com a gangue de Moderninho.

Quando ele foi preso, os Ferreira Dias dominaram a região e iniciaram um processo de expulsão de moradores e familiares de indivíduos rivais. Dentre os expulsos, estava a família Batista Lemos, além de Alan.

> 2012

A Polícia Civil fez uma grande investigação, que apontava que os Ferreira Dias estavam aterrorizando a comunidade local, e eles foram presos.

> 2013

Marly é presa. Nesse momento, aparece Wallace de Jesus Santana. Enquanto a família está presa, ele trabalhava como gerente do tráfico. João Paulo fugiu do sistema prisional e voltou a exercer a liderança, junto com o braço direito dele, Wallace.

> 2018

Criminosos que perderam a disputa para os Ferreira Dias, e foram expulsos em 2011, buscaram apoio no bairro da Penha para retornarem ao Morro da Piedade.

> Março de 2018

Jomar Reis era associado à família Ferreira Dias, e foi preso em 2012. Ele tinha três irmãos: Ruan Reis, Damião Marcos Reis, e Maicon Reis.

Indivíduos armados foram procurar João Paulo e chegaram à casa de um dos irmãos do Jomar, o Maicon. Eles queriam que Maicon apontasse onde estava João Paulo. Como ele não sabia, eles pegaram esse jovem e andaram com ele pelo morro.

No caminho, eles encontraram Ruan e Damião, que foram assassinados.

> Junho de 2018

Houve uma ordem de expulsão. Várias pessoas ligadas aos Ferreira Dias foram obrigadas a sair da comunidade.

Mesmo depois dessa expulsão, Marly continuou morando no local.

Fonte: Tribuna

 

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