Já passava das 13 horas quando uma correria tomou os 23 andares do edifício Aldebaran, na avenida Princesa Isabel, no centro de Vitória: cerca de 350 moradores deixaram os 118 apartamentos enquanto a unidade 1902 ardia em chamas.
Como o sistema hidráulico do prédio falhou e os elevadores pararam de funcionar, o Corpo de Bombeiros teve trabalho dobrado unindo 15 mangueiras, da avenida ao 19º andar. Enquanto isso, sargento Rubinaldo – junto de seus 15 companheiros – descia com idosos e cadeirantes em meio à fumaça.
Moradores do prédio e curiosos que assistiam ao trabalho dos bombeiros elogiaram a atitude do sargento e de seus companheiros.
O esforço, no sobe e desce de degraus, em meio ao calor intenso, fez com que Rubinaldo passasse mal, precisando de socorro e inalar oxigênio. No impulso de salvar mais vidas, deixou a ambulância, contrariando os socorristas, e voltou ao edifício.
O combate às chamas seguiu com a descida de cachorros, moradores chorando de desespero, crianças de colo e muitos idosos.
A moradora Priscilla Dias Gomes, de 28 anos, desceu correndo com seu filho e contou que ouviu explosões.
Enquanto isso, os extintores dos corredores seguiam não sendo suficientes para controlar as chamas, que destruíram a cozinha e área de serviço do apartamento.
O guarda municipal Ronison Alberti foi um dos primeiros a chegar ao número 1902. “Parecia um forno de siderúrgica. Era muita fumaça, mas nosso medo maior era o fogo se alastrar”.
Enquanto os moradores aguardavam na calçada, a moradora do apartamento em chamas, a dona de casa Ana, de 57 anos (ela não quis divulgar o sobrenome), descia com as mãos queimadas, na tentativa de tentar salvar pertences.
As três horas de combate acabaram sem vítimas e com os moradores podendo voltar para sua casas – exceto o 1902, que ficou interditado. O 1º Tenente Bragança disse que não foi possível detectar onde o fogo começou e que só a perícia identificará os detalhes. “O setor de vistoria e a Defesa Civil foram acionados. Um engenheiro vem amanhã (hoje) decidir se libera ou não o apartamento”, contou.
Sistema hidráulico do prédio falhou
Acionados às 13h09 para conter o incêndio, o Corpo de Bombeiros se deparou com o sistema hidráulico do edifício Aldebaran sem funcionamento. Sem conseguir usar a estrutura do prédio, tiveram que adotar outra estratégia.
“Chegamos às 13h15 e tivemos que mudar de estratégia: fizemos uma ligação direta de mangueiras do 19º andar até o caminhão no térreo. Fomos ligando mangueira em mangueira, num serviço exaustivo, difícil, mas que foi feito com destreza. O problema todo é montar esse esquema no 19º. Se fosse nos primeiros pavimentos, em sete minutos o esquema estaria pronto para combate. Mas enquanto isso, o fogo já estava bem grande. As chamas já estavam para o lado de fora”, contou o 1º Tenente Bragança.
À reportagem, o síndico Vilmar de Oliveira, 52, confirmou que houve uma “entrada de ar no sistema hidráulico, o que dificultou a rapidez da ação de combate”. “Deve ter sido numa manutenção feita no último dia 17, na caixa d’água. Deve ter entrado água no cano. Infelizmente, foi uma fatalidade”.