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Rapper capixaba adapta história de personagens infantis à realidade de crianças em morro de Vitória

Os personagens infantis viraram representações dos dramas da vida real na nova música do rapper capixaba Cesar MC. Lançado na última quinta-feira (27), o clipe da canção, que já conta com mais de 3,6 milhões de visualizações, foi gravado no Morro do Quadro, bairro da região periférica de Vitória.

O single “Canção Infantil”, distribuído pela gravadora carioca Pineapple, retrata a dura realidade vivida por crianças moradoras de comunidades em relação à violência cotidiana e à falta de infraestrutura urbana. Figuras do folclore nacional como o Bicho-Papão e Lobo Mau, além de outros personagens conhecidos mundialmente, integram uma crítica ácida desenvolvida junto a um instrumental leve e cativante.

À reportagem do Folha Vitória, o cantor falou um pouco sobre o processo de criação da música e contou como recebeu o sucesso repentino do clipe da canção na internet.

Ping-Pong

– Sobre o que é a música Canção Infantil?

Cesar MC: “A música é sobre o sofrimento, porém da forma mais profunda possível. É o contraste do mundo infantil com essa realidade agressiva que a gente tem no nosso cotidiano. Quanto mais a gente vai amadurecendo a gente vai entendendo o peso das coisas. A gente não sabe mais se aqueles vilões das histórias são reais ou se a gente está vivendo em uma ilusão”.

César MC – Canção Infantil (PineappleStorm)

(…)
“É, eu não sei se isso é bom ou mal
Alguém me explica o que nesse mundo é real
O tiroteio na escola, a camisa no varal
O vilão que tá na história ou aquele do jornal
Diz por que descobertas são letais?
Os monstros se tornaram literais
Eu brincava de polícia e ladrão um tempo atrás
Hoje ninguém mais brinca
Ficou realista demais”

Foto: Reprodução/Rede Social
Cesar MC posa junto com alunos que participaram do clipe de Canção Infantil. “Minha favela no palco e mais um sonho no peito!”, escreveu ele em uma rede social 

– No clipe, é possível ver uma cena em que crianças aparecem com o uniforme de uma unidade de ensino municipal de Vitória…

“Elas são crianças que eu vejo todos os dias na rua, pessoas que eu vi crescendo. Todas as pessoas possuem um vínculo direto e indireto comigo. São o pessoal da minha comunidade, e também envolve escolas por onde eu já passei realizando projetos sociais”.

– A música teve uma repercussão bastante rápida nas redes sociais e em uma plataforma de vídeos. O que você achou desse resultado e a que você credita?

“Sem dúvida me deixou em choque. Quando eu abro o YouTube e vejo essas visualizações, sei que não se tratar apenas de um número, mas de pessoas que compartilham esse sentimento. Me faz lembrar de quando eu escrevi essa letra, quando só era eu e minha caneta escrevendo no meu terraço. Estou curioso e muito grato com essa forma íntima que a música está pegando muita gente”.

– Quais são os planos para o futuro? Pretende continuar lançando músicas novas?

“Fiquei bastante tempo focado em coisas específicas. Me entreguei bastante às batalhas (de rima). Tinha muita vontade de me jogar na música, mas tive que esperar um pouco para poder focar. Tenho algumas coisas em mente. Agora, na música solo, eu posso entregar o meu máximo, me jogar, ter mais liberdade para me expressar com sentimento e muita verdade”.

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