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Secretaria da Saúde ressalta que é possível prevenir adoecimento psíquico

No Dia Mundial da Saúde Mental, lembrado nesta terça-feira (10), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ressalta a importância da prevenção. Observar os sintomas e pedir ajuda quando algo estiver errado é fundamental para evitar quadros graves de adoecimento psíquico.

A psicóloga Natália Maria de Souza Pozzatto, da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa, comenta que as pessoas, no geral, não dão atenção à saúde mental. Preocupam-se em consultar médicos de diversas especialidades, mas negligenciam sintomas de adoecimento psíquico.

“Se a pessoa está deixando de realizar suas atividades diárias em função de uma ansiedade ou uma tristeza que não passa, por exemplo, é necessário buscar ajuda. Todas as condições emocionais que impedem a pessoa de fazer suas atividades da vida diária, e coisas que anteriormente davam prazer, devem receber atenção”, explicou Natália.

A psicóloga compara os transtornos mentais graves a doenças crônicas como diabetes e hipertensão, que podem ser prevenidas ou, quando já instaladas, podem ser pelo menos controladas. Ela diz que, assim como é possível evitar a descompensação dessas doenças, seja com hábitos de vida saudáveis, psicoterapia, medicamentos, ou ainda com a associação destes dois últimos, também é possível prevenir o agravamento do quadro de adoecimento mental.

“A pessoa vai conviver com diabetes e hipertensão pelo resto da vida, mas ela pode viver compensada, tratada. Às vezes a pessoa deixa de pegar ônibus porque está com medo, falta ao trabalho porque está adoecendo com frequência, e assim vai deixando de conviver em sociedade por questões de saúde mental. Normalmente o sofrimento mental não começa em grande proporção, assim como diabetes e hipertensão começam devagarinho. A descompensação muitas vezes é resultado de um processo que não foi tratado”, adverte a psicóloga.

Natália ressalta que a família, os amigos, os colegas de trabalho podem ajudar, mas, para isso, precisam estar mais abertos para acolher o sofrimento do outro e para oferecer apoio quando perceberem que algo não vai bem. “Muitas vezes a pessoa não identifica que está adoecendo, mas outra pessoa percebe e pode ajudar dizendo ‘Estou percebendo que você não está bem. Você está precisando conversar?’”, orientou Natália.

Medo de adoecer

Segundo a psicóloga da Secretaria de Estado da Saúde, ansiedade e depressões leves são os quadros mais comuns no dia a dia, e é para esses casos que precisamos ficar mais atentos. “Os sintomas psicóticos mais clássicos, como alucinações e delírio, são mais explícitos. Mas na depressão, na ansiedade, os sinais e sintomas são mais discretos”, argumentou.

Natália lembra que o sofrimento é uma condição que atinge todo ser humano, no entanto, o sentimento pode ganhar maior proporção dependendo do momento que a pessoa está vivendo, da história de vida dela e das habilidades internas que ela tem para passar por aquela situação.

“A tristeza, a alegria, o medo, enfim, os sentimentos fazem parte da vida de todo mundo. Não conseguimos nos blindar contra o sofrimento, mas podemos nos fortalecer para enfrentá-lo. Não tem nada de errado em sofrer. Vivemos momentos muito estressantes nos dias de hoje, então, precisamos investir em atividades que nos dão prazer. O sofrimento é inerente à vida, e faz parte do nosso amadurecimento, do nosso aprendizado. Tem como nos prepararmos para ele? Não. Mas tem como cuidarmos da nossa saúde mental”, detalhou a psicóloga.

Natália comenta que o ser humano, de forma geral, tende a evitar o contato com o sofrimento, com o adoecimento. “É preciso desmistificar o cuidado em saúde mental. Alguns tratamentos são mais longos, outros menos, mas isso não significa que a pessoa não vá ter uma vida produtiva novamente”, afirmou a psicóloga, enfatizando que a prevenção do adoecimento psíquico tem uma relação muito íntima com qualidade de vida e acesso a rede de apoio. “Tanto a rede de serviços de saúde quanto aos vínculos que ela tem com a família, no ambiente de trabalho, com amigos”, explicou.

A psicóloga lembra outra situação que precisa de atenção, que é o uso prejudicial de substâncias psicoativas. Ela orienta que se a pessoa não consegue fazer suas atividades rotineiras sem que tenha o estímulo do álcool ou de alguma droga, pode ser necessário buscar ajuda. “Se a pessoa deixa de viajar com a família ou de ir a uma festa porque o local para onde eles vão não terá bebida, é um sinal para ficar atento”, alertou.

Rede de atendimento

No Sistema Único de Saúde (SUS), a porta de entrada para o tratamento de pacientes com transtornos mentais é a Unidade Básica de Saúde, onde estes pacientes devem ser acompanhados. Os casos graves são encaminhados para os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS), que são serviços destinados a acolher pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar e apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecendo-lhes atendimento médico e psicossocial.

Ainda no âmbito do atendimento ambulatorial, os Centros Regionais de Especialidades (CREs), de gestão estadual, oferecem consultas com médicos psiquiatras, mas a porta de entrada para esse serviço continua sendo a Unidade Básica de Saúde e os programas de saúde mental dos municípios.

A internação deve ocorrer em último caso, conforme prevê a Lei nº 10.216, de 06 de abril de 2011. A Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Secretaria de Estado da Saúde ressalta que o objetivo da internação é estabilizar o paciente e colocá-lo de volta em seu ambiente assim que apresentar melhora.

“As pessoas muitas vezes acham que o isolamento e o afastamento são efetivos, mas podem ser bastante prejudiciais ao cuidado e à recuperação do sujeito porque os vínculos afetivos são rompidos. Às vezes, acredita-se que internar é o único jeito de tratar. Mas enquanto a pessoa está longe ela perde a oportunidade de fortalecer os vínculos que são importantes para ela”, explicou a psicóloga Natália Pozzatto, da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Sesa.

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